Ucrânia volta a sofrer ataque maciço contra infra-estrutura energética

Autoridades ucranianas insistem no pedido de apoio aos aliados ocidentais para manterem os céus seguros. Foi o oitavo ataque áereo em larga escala nos últimos três meses.

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Edifício de apartamentos em Kharkiv foi atingido por mísseis russos SERGEY KOZLOV / EPA
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A Ucrânia voltou a sofrer um ataque maciço contra o seu sistema eléctrico, na região sul e ocidental do país, durante a madrugada deste sábado. No Donbass, as forças russas recomeçaram a avançar no terreno na direcção de Chasiv Iar.

A estratégia russa de visar as infra-estruturas energéticas ucranianas – que Moscovo considera alvos legítimos, apesar da condenação internacional – prossegue sem sinais de acalmia. Nos últimos três meses, esta foi a oitava vaga de bombardeamentos contra instalações ligadas à produção e distribuição de electricidade na Ucrânia, de acordo o Ministério da Energia ucraniano.

A retoma dos ataques russos durante a Primavera tem forçado as autoridades ucranianas a realizar frequentemente cortes de electricidade em grande parte do país. Segundo o Presidente Volodymyr Zelensky, citado pela BBC, os bombardeamentos russos desde o início de Março foram responsáveis pela destruição de cerca de metade da capacidade de produção de electricidade da Ucrânia.

Os cortes são feitos de forma a salvaguardar o fornecimento de electricidade para serviços fundamentais, como os hospitais ou as instalações militares.

As autoridades ucranianas têm repetido os apelos para que sejam fornecidos os meios para alcançar a paridade em termos de poder aéreo com a Rússia, nomeadamente através do reforço dos sistemas antimísseis e do envio de caças F-16, já prometidos mas ainda não entregues.

“Precisamos urgentemente de fechar os nossos céus, ou então a Ucrânia irá enfrentar uma crise grave no Inverno”, avisou o presidente executivo do maior fornecedor de electricidade privado do país, a DTEK, Maxim Timchenko. “Deixo o meu apelo aos aliados para nos ajudarem a defender o nosso sistema de energia e a reconstruir atempadamente”, acrescentou.

O Ministério da Defesa russo informou que as suas forças “levaram a cabo ataques em grupo com armamento de longo alcance e elevada precisão a partir do ar e do mar, e também com drones, contra instalações energéticas ucranianas que fornecem electricidade à produção de armas”. Os bombardeamentos russos também atingiram paióis que armazenam munições e “armas aéreas fornecidas ao Exército ucraniano pelos países ocidentais”, acrescentou o ministério.

A infra-estrutura eléctrica ucraniana foi atingida nas províncias de Lviv, no extremo ocidental, e de Zaporijjia, no sul. As autoridades russas que ocupam a central de Zaporijjia, a maior da Europa, revelaram que drones ucranianos destruíram duas subestações em Enerhodar, mas não afectaram a central. A ocupação da central pelas forças russas tem causado muita preocupação junto de organizações como a Agência Internacional de Energia Atómica.

O Governo ucraniano também revelou que mísseis guiados russos atingiram um edifício de apartamentos em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, matando três pessoas e deixando 29 feridos. “O terror russo feito através de bombas teleguiadas deve e pode ser travado”, afirmou Zelensky, numa mensagem no Telegram.

Entretanto, a Rússia retomou as operações terrestres na província de Donetsk, um dos principais objectivos militares do Kremlin na chamada “operação militar especial”. Nos últimos dias, as forças russas intensificaram os ataques perto da localidade de Toretsk após uma pausa prolongada nesta frente de guerra.

“Na última semana, os ataques [russos] têm sido constantes. Há assaltos frontais mecanizados em Chasiv Iar, e pequenos grupos de até cinco elementos estão a tentar penetrar nos bairros de Novii e Kanal”, disse Nazar Voloshin, porta-voz do grupo de forças ucranianas em Khortitsia, citado pelo Kyiv Independent.

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