O primeiro automóvel eléctrico da Ferrari custará mais de 500 mil euros

A marca italiana afirmou que vai lançar um carro eléctrico no final do próximo ano e o preço previsto mostra a sua confiança de que os condutores ultra-ricos estão prontos para ele.

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A marca italiana é famosa pelos seus potentes motores a gasolina Benoit Tessier/REUTERS
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O primeiro carro eléctrico da Ferrari custará pelo menos 500.000 euros, disse à Reuters uma fonte familiarizada com o assunto, numa altura em que o fabricante de automóveis de luxo se prepara para abrir uma fábrica que irá fabricar o modelo — e que poderá aumentar a produção do grupo em até um terço.

A marca italiana, famosa pelos seus potentes motores a gasolina, afirmou que vai lançar um carro eléctrico no final do próximo ano e o preço previsto mostra a sua confiança de que os condutores ultra-ricos estão prontos para ele, mesmo quando os rivais do mercado de massas estão a reduzir os preços dos veículos 100% eléctricos (EV) devido à fraca procura.

O preço, que não inclui características e toques pessoais, que normalmente acrescentam 15-20%, está bem acima do preço médio de venda de cerca de 350.000 euros, incluindo extras, para um Ferrari no primeiro trimestre deste ano, e de muitos EV de luxo rivais.

Num segmento menos exclusivo, o Taycan eléctrico da Porsche começa em cerca de 100.000 euros.

A Ferrari não respondeu a um pedido de comentário sobre o preço do seu primeiro veículo eléctrico, ou sobre a sua nova fábrica, que deverá ser inaugurada na sua cidade natal de Maranello, no Norte de Itália, nesta sexta-feira.

A fábrica — ou e-building — é um passo ousado para a empresa, que entregou menos de 14.000 carros no ano passado, uma vez que acabará por permitir que a capacidade de produção aumente para cerca de 20.000, disse uma fonte da marca, falando sob condição de anonimato.

A exclusividade está na base do prestígio da marca e também dos seus preços elevados, pelo que qualquer aumento da produção acarreta riscos.

No entanto, a Ferrari mostrou com o seu SUV Purosangue, lançado em 2022, que pode ter sucesso expandindo para além dos seus tradicionais carros desportivos de dois lugares e grand tourers.

“Há uma procura crescente de Ferraris e a empresa tem espaço para satisfazer parte dessa procura sem comprometer a exclusividade”, afirma Fabio Caldato, gestor de carteiras da AcomeA SGR, que detém acções da Ferrari.

As listas de espera para alguns modelos podem chegar a dois anos.

“Isso não está a diminuir. Estar na lista de espera é, por si só, um símbolo de status”, disse Caldato, observando um aumento de potenciais clientes ricos em mercados emergentes, como a Índia e o Médio Oriente.

Segundo modelo EV

A nova fábrica em Maranello dará à Ferrari uma linha de montagem de veículos adicional e produzirá carros a gasolina e híbridos, bem como o novo EV, além de componentes para híbridos e EV.

Estará totalmente operacional dentro de três a quatro meses, disse a fonte.

Um segundo modelo de EV também está a ser desenvolvido, garantiu a mesma fonte, acrescentando que o processo está numa fase inicial e que a empresa pode não querer aumentar a produção global para 20.000 veículos por ano, pelo menos a curto prazo.

A “fábrica de última geração garantirá flexibilidade e capacidade técnica superiores às nossas necessidades nos próximos anos”, afirmou o CEO Benedetto Vigna perante os accionistas da Ferrari, em Abril.

Qualquer aumento de produção seria acompanhado por um aumento de modelos, uma vez que a Ferrari manteria a sua política de garantir a produção de qualquer modelo dentro de um determinado limite, por mais bem-sucedido que fosse, disse a fonte.

A rival Lamborghini planeia começar a vender o seu primeiro modelo de veículo eléctrico em 2028. O seu CEO, Stephan Winkelmann, disse à Reuters que é mais importante ter o produto certo do que ser o primeiro.

Andrea Balloni, analista da Mediobanca, espera que o novo veículo eléctrico da Ferrari tenha um preço elevado, para ajudar a preservar as margens, compensando o desenvolvimento da nova tecnologia totalmente eléctrica e o maior número de peças provenientes do exterior.

“Espero que o novo EV seja um modelo de nicho, representando pouco mais de 10% das vendas anuais”, disse Balloni, acrescentando que o principal cliente da Ferrari ainda prefere modelos a gasolina.