Líder da CGTP garante que “melhor funcionamento democrático é impossível”

Em resposta a um manifesto de 34 ex-dirigentes da central sindical, Tiago Oliveira nega que haja um “domínio sectário” por parte do PCP.

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Tiago Oliveira assumiu a liderança da CGTP em Fevereiro de 2024 Rui Gaudêncio
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O secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, rejeitou qualquer "fechamento" da central sindical ou "domínio sectário" por parte do PCP, garantindo que "melhor funcionamento democrático" interno "é impossível".

"O funcionamento democrático da central é este que está à vista de toda a gente: 147 pessoas que estão no conselho nacional e que definem as orientações; dezenas de sindicatos que estão filiados na CGTP, que todos os dias estão presentes com os trabalhadores, lado a lado, no local de trabalho. Melhor funcionamento democrático do que este é impossível", afirmou o líder da central sindical em declarações à agência Lusa.

Tiago Oliveira reagiu assim a um manifesto assinado por 34 ex-dirigentes da CGTP, afectos ao PS, ao Bloco de Esquerda e alguns ao PCP, alertando para a "ausência de respostas" da central sindical aos novos problemas e desafios dos trabalhadores e acusando-a de "deriva sectária", "falta de transparência" e "duvidosa representatividade".

"Quando precisamos de redes, cooperação e solidariedade europeia, vemos uma prática isolacionista que em nada beneficia uma resposta eficiente do todo sindical, que, além das diferenças, que existem, precisa de unidade na acção. Quando se impõe ousadia e compromisso, renovação e inovação sindical, temos uma deriva sectária, falta de transparência, duvidosa representatividade, burocracia sindical ao serviço de estratégias alheias e negacionismo da sua própria crise", lê-se num comunicado agora divulgado.

Contrapondo que "quem faz esse tipo de observação [...] terá de responder por ele e explicar o porquê", o líder da CGTP recorda que, no último congresso da central, em Fevereiro, "foram dados números concretos" que atestam a força da organização: "Em quatro anos, sindicalizámos 110 mil novos trabalhadores. Temos, neste momento, mais de meio milhão de trabalhadores associados da CGTP, o que quer dizer que somos a maior organização social do país", salientou.

Em termos líquidos, de acordo com os dados do último congresso, a CGTP tinha 562,5 mil sindicalizados, o que representa um aumento de 1% face aos 556 mil identificados em 2020, mas fica aquém dos 763 mil sindicalizados em 1999.

Referindo-se à "semana de luta" organizada pela CGTP desde quinta-feira até dia 27, com "centenas de iniciativas a decorrer de norte a sul do país", Tiago Oliveira afirma que "é um reflexo daquilo que é a intervenção diária e concreta da CGTP", apenas possível porque se trata de "uma central que está diariamente nos locais de trabalho" e é "conhecedora profunda dos problemas dos trabalhadores".

Sustentando que "este caminho que caracteriza a CGTP, de permanência constante nos locais de trabalho, refuta" todas as acusações feitas ao funcionamento da central, Tiago Oliveira garante que "os trabalhadores têm profundo conhecimento disso".

No manifesto hoje divulgado, os ex-membros da comissão executiva e do conselho nacional consideram que a CGTP que saiu do último congresso "adoptou um ainda maior fechamento", ao deixar de ter nos seus órgãos executivos "quem, pela sua representatividade e presença activa nos locais de trabalho, tem de ser tido em conta e assumir um papel mais relevante na condução da luta que é de todos".

"Quando, por falta de funcionamento democrático, o conselho nacional confederal reuniu dois anos e meio sem a participação de todos os sindicalistas socialistas; quando a simples distribuição das propostas alternativas, vindas da corrente socialista ou da corrente bloquista, foi sistematicamente recusada; e quando se esperaria que o congresso último resolvesse o diferendo e engrandecesse o projecto unitário, este assumiu a ruptura e os sindicalistas socialistas ficaram imediatamente fora da comissão executiva, para onde, mais uma vez, os sindicalistas bloquistas foram barrados", sustentam.

Para os signatários, "a composição político-partidária da direcção da CGTP não tem hoje autonomia nem correspondência alguma com a realidade sociopolítica em terreno laboral", sofrendo a central sindical "o domínio e controlo de uma força partidária".