China acusa UE de criar o risco de uma “guerra comercial”

Pequim avisa que decisão da UE de aumentar as taxas alfandegárias aplicadas à importação de veículos eléctricos chineses pode conduzir a uma escalada nos conflitos comerciais globais.

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Carros eléctricos fabricados na China STAFF / REUTERS

A poucas horas da chegada do ministro alemão do Comércio a Pequim para explicar a decisão europeia de agravar as taxas alfandegárias aplicadas aos veículos eléctricos com baterias chinesas, a China subiu o tom das suas críticas à decisão da União Europeia, alertando para o risco de se estar a entrar num ambiente de “guerra comercial”.

Numa declaração feita aos jornalistas, o porta-voz do Ministério do Comércio da China acusou a União Europeia de, com a decisão de aumento das taxas, acentuar a fricção a que já se assiste nas relações comerciais internacionais, algo que, disse, “poderá desencadear uma guerra comercial”.

“A responsabilidade está inteiramente do lado da UE”, afirmou o porta-voz em declarações reproduzidas pela agência Reuters e que foram feitas a poucas horas de o ministro do comércio chinês se encontrar com o seu homólogo alemão Robert Habeck, que se deslocou a Pequim com o objectivo de explicar a decisão europeia e procurar um entendimento com as autoridades chinesas.

Foi há duas semanas que a Comissão Europeia anunciou que irá já a partir de Julho passar a exigir taxas alfandegárias adicionais às importações de veículos eléctricos com baterias provenientes da China. As novas taxas têm um valor médio próximo dos 21% e podem chegar em alguns casos aos 38,1%.

A justificação dada por Bruxelas está naquilo que classifica como subvenções “ilegais” atribuídas pela China aos seus fabricantes de veículos automóveis.

A Comissão abriu a porta a negociações com a China, mas deixou claro que, caso as conversações nas próximas semanas “não conduzam a uma solução eficaz”, a UE passará a aplicar os tais “direitos de compensação provisórios” a partir de 4 de Julho.

Antes da medida aplicada pela UE, também os Estados Unidos anunciaram a imposição de taxas alfandegárias agravadas às importações de veículos eléctricos chineses, que neste caso podem mesmo chegar aos 100%.

Um estudo publicado nesta sexta-feira pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) estima que os fabricantes chineses de veículos eléctricos tenham recebido, no período entre 2009 e 2023, subsídios estatais próximos de 215 mil milhões de euros, atribuídos sob a forma de isenções fiscais, descontos para compradores domésticos, financiamento público de infra-estruturas de carregamento eléctrico ou programas de investigação e desenvolvimento (I&D).

As autoridades chinesas por seu lado têm vindo a defender nos últimos dias que as novas taxas alfandegárias impostas pela UE e pelos EUA vão distorcer as cadeias de abastecimento automóvel globais, prejudicando principalmente os consumidores e prejudicando a resposta global às alterações climáticas.

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