Pacto Climático Europeu reivindica inclusão dos jovens na definição das políticas locais

“Se os jovens são a geração que mais vai sofrer o impacto das políticas decididas no presente, devem fazer-se ouvir”, considera Luísa Barateiro. Conferência sobre crise climática decorre no sábado.

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Muitos jovens têm-se manifestado contra a crise climática, provocada pelas emissões de gases com efeito de estufa com origem nos combustíveis fósseis Rui Gaudêncio
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Dezenas de jovens vão no sábado, em Lisboa e no Porto, escrever cartas a autarcas para exigir serem incluídos nas decisões municipais sobre o impacto das alterações climáticas, descreveu nesta sexta-feira a embaixadora do Pacto Climático Europeu em Portugal. "Consideramos que os jovens não têm sido suficientemente incluídos nos processos de decisão relativamente às alterações climáticas. Parece-nos que, se os jovens são a geração que mais vai sofrer o impacto das políticas decididas no presente, devem fazer-se ouvir. É uma forma de assegurar os direitos das gerações futuras", disse Luísa Barateiro.

À Lusa, a também dirigente da União de Mulheres Alternativa e Resposta e co-organizadora da conferência Local Conference of Youth (LCOY) no Porto, explicou que serão escritas três cartas, duas dirigidas a autarcas e uma terceira para integrar a Carta Internacional da Juventude, que será levada à cimeira das Nações Unidas sobre o clima COP29, em Novembro, no Azerbaijão.

"As cartas para os autarcas — uma sobre temas do Norte, da Área Metropolitana do Porto e sobre o Porto e uma semelhante sobre a zona de Lisboa — serão escritas de manhã e, embora estejam focadas nestas cidades, também serão distribuídas a mais autarcas através da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP)", acrescentou.

Lamentando que nem todos os municípios tenham conselhos municipais da juventude ou mesmo que alguns que os têm tardem em operacionalizá-los, Luísa Barateiro defendeu que "os jovens querem ter uma palavra a dizer na elaboração dos planos municipais de mitigação do impacto das alterações climáticas".

"Os jovens estão disponíveis para participar nos processos, estão informados, estão tecnicamente capacitados. Temos em Portugal imensos jovens com formação avançada na área das alterações climáticas", disse.

A III Conferência Local da Juventude Sobre Alterações Climáticas decorre no sábado, em simultâneo e pela primeira vez de forma descentralizada no pólo da Asprela da UPTEC, no Porto, e na Casa do Impacto, no Convento de São Pedro de Alcântara, em Lisboa. A organização estima a presença de cerca de 30 jovens no Porto e de 40 em Lisboa. Estão inscritos jovens com idades entre os 18 e os 35 anos.

No convite para a conferência, a organização descreve que o objectivo é "construir políticas ambientais com um poder local mais próximo dos cidadãos, através de mecanismos de democracia participativa".

"As cartas que vão sair desta iniciativa do Pacto Climático Europeu irão defender, junto dos presidentes de câmara do Porto e de Lisboa e dos autarcas de todo o país, a integração de jovens nas equipas de elaboração de planos de acção e adaptação climática para as áreas metropolitanas, bem como para as câmaras municipais e juntas de freguesia", lê-se no convite.

O Pacto Climático Europeu é uma iniciativa central do European Green Deal promovido pela União Europeia. O seu objectivo é mobilizar as comunidades na Europa para os investimentos, actividades e processos que sejam progressivamente menos dependentes dos combustíveis fósseis e da emissão de outros gases com efeito de estufa, promovendo a transição para modos de vida mais seguros e saudáveis e para uma economia sustentável.

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