Vacinação contra covid diminui. Apenas aderiram 56% das pessoas a partir dos 60 anos

A próxima campanha de vacinação (2024-2025) deverá iniciar-se na segunda quinzena de Setembro e a novidade é o alargamento da vacinação com uma dose elevada a toda a população a partir dos 85 anos.

Foto
Adesão da população à vacinação contra a covid-19 diminuiu na última campanha Tiago Lopes (arquivo)
Ouça este artigo
00:00
04:13

Longe vão os tempos em que Portugal era o país do mundo com a maior adesão à vacinação contra a covid-19. Na última campanha de vacinação (2023-2024), apenas 56,1% das pessoas elegíveis por idade - a partir dos 60 anos - decidiram vacinar-se contra a covid em Portugal, uma redução face à campanha anterior, enquanto contra a gripe a adesão foi superior, abrangendo 66,3% das pessoas neste grupos etários, indica o Relatório de Avaliação da Campanha de Vacinação Sazonal que esta quinta-feira foi divulgado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).

As coberturas vacinais mais elevadas ocorreram na população a partir dos 80 anos mas também neste universo a adesão à vacina contra a gripe foi substancialmente superior à da vacina contra a covid-19 - 78,9% e 66,4%, respectivamente. A redução da adesão à vacinação contra a covid está a ocorrer em todo o mundo, destacou a directora-geral da Saúde, Rita Sá Machado.

No total, na última campanha foram administradas 1.992 430 doses de vacinas contra a covid e 2.495.305 doses de vacinas contra a gripe, 1,6 milhões das quais em regime de co-administração. Cerca de 70% das doses foram administradas nas farmácias comunitárias, que participaram pela primeira vez na operação na campanha 2023-2024, e vão continuar a participar na próxima campanha.

"Apesar dos fenómenos de hesitação vacinal, as taxas de cobertura vacinal contra a gripe foram mantidas. Este dinamismo demonstra, ainda assim, a necessidade de estratégias diferenciadas para abordar a hesitação vacinal e continuar a promover a vacinação", assume a DGS.

"As principais barreiras à vacinação identificadas referem-se à frustração e saturação da população elegível face à vacinação e ao receio dos efeitos secundários das vacinas no caso de pessoas não vacinadas, bem como à imunização natural resultante do contágio pelo vírus no início da época de vacinação", explica.

A próxima campanha de vacinação (2024-2025) deverá iniciar-se na segunda quinzena de Setembro, dependendo da entrega das doses, prevendo a DGS que a vacinação em massa decorra até ao final de Dezembro, apesar de a campanha prosseguir até Abril de 2025.

A novidade na próxima campanha - que já tinha sido anunciada - é o alargamento da vacinação contra a gripe com uma dose reforçada a toda a população a partir dos 85 anos. Na campanha anterior, esta vacina, que oferece uma protecção mais elevada por ter uma quantidade maior de antigénio, abrangeu apenas as pessoas residentes em lares de idosos.

De resto, a próxima campanha será de consolidação da anterior, mantendo-se a vacinação nas farmácias e nas unidades dos centros de saúde, mas acrescida do "desafio" de tentar contrariar a tendência de redução da vacinação contra covid, enfatizou Teresa Fernandes, do Núcleo de Vacinação da DGS.

Apesar da diminuição da adesão à vacinação contra a covid, Portugal continua a ser um dos países com as taxas de cobertura vacinal mais elevadas. Ainda que a comparação dos resultados seja difícil, porque muitos países não divulgam informação, segundo o relatório de vigilância intercalar da cobertura vacinal nas campanhas de vacinação sazonal 2023-2024 do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), Portugal é "um dos seis países (em 27) que reporta uma cobertura igual ou superior a 50% para a população com 60 ou mais anos de idade", destaca a DGS.

Por grupos etários, Portugal é "o terceiro país da UE/EEA [União Europeia/Espaço Económico Europeu] com maior cobertura vacinal na população com 60-69 anos, 43,5%, a seguir à Suécia e Dinamarca, enquanto no grupo 70-79 anos, "é o sétimo país com maior cobertura vacinal" e na população com 80 ou mais anos é o sexto país com maior cobertura vacinal, especifica a DGS.

Sugerir correcção
Ler 6 comentários