Candidatos do Partido Conservador investigados por apostas na data das eleições britânicas

Assessor de Sunak apostou dias antes da convocação da eleição e um polícia da equipa de segurança do primeiro-ministro foi detido pelo mesmo motivo. Nova suspeita é casada com director de campanha.

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Autocarro de campanha do Partido Conservador Leon Neal / VIA REUTERS
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A campanha do Partido Conservador para as eleições legislativas britânicas agendadas para 4 de Julho não podia estar a correr pior para Rishi Sunak. O mais recente escândalo envolve candidatos dos tories ao Parlamento e um polícia da equipa de segurança do primeiro-ministro suspeitos de terem feito apostas sobre a data da votação poucos dias antes de esta ser convocada, para surpresa geral dos media e da opinião pública.

A utilização de informação confidencial para obtenção de vantagens em apostas ou outros jogos de azar pode constituir um crime nos termos da legislação em vigor no Reino Unido, que tem um mercado fortíssimo, mas muito regulado, neste sector.

Há cerca de duas semanas, depois de o Guardian ter noticiado que Craig Williams, assessor do chefe do Governo e candidato a deputado pelo círculo galês de Montgomeryshire e Glyndwr, tinha apostado 100 libras (cerca de 118 euros) na data de umas eleições que estavam previstas realizar-se apenas no Outono e ganho quase 500 euros com a aposta, o visado admitiu ter cometido um “erro” e pediu desculpa.

Na quarta-feira à tarde, foi a vez de a Polícia Metropolitana de Londres ter revelado que um agente policial que fazia parte da unidade de protecção especial do primeiro-ministro foi detido por “alegadas apostas” sobre o “timing da eleição geral”.

O polícia em causa foi, entretanto, libertado sob fiança, suspenso das suas funções e está a ser investigado pela Gambling Commission, a entidade reguladora do sector, independente do Governo.

Esta quinta-feira foi a vez de a BBC dar conta de que a comissão em causa está a investigar mais um candidato do Partido Conservador à Câmara dos Comuns. A emissora pública britânica identifica a suspeita como Laura Saunders, candidata dos tories em Bristol North West, no Sudoeste de Inglaterra.

Funcionária do partido desde 2015, Saunders é casada com Tony Lee, director de campanha do Partido Conservador. A candidata recusou prestar declarações sobre o caso.

A BBC não sabe o valor da aposta, nem quando foi feita, mas falou com um porta-voz do Partido Conservador que admitiu que os tories foram “contactados pela Gambling Commission sobre um número reduzido de indivíduos”, sem oferecer mais pormenores.

Um porta-voz da própria comissão confirmou, entretanto, à Sky News que “está a investigar a possibilidade de crimes relacionados com a data da eleição”, mas só promete novidades quando o inquérito for concluído.

Em declarações à Sky, o deputado trabalhista Matthew Pennycook disse que estes casos exibem um “padrão de clientelismo” dentro do Partido Conservador e que “minam a confiança” da população “no Governo e na política”.

Citada pelo Guardian, Daisy Cooper, vice-líder dos Liberais Democratas, exigiu mesmo ao partido tory que suspenda Saunders.

Em entrevista à BBC, Michael Gove, ministro da Habitação no executivo de Sunak, afirmou, porém, que é preciso “esperar para ver” o desfecho das investigações. Assumiu, ainda assim, que “é profundamente errado” que haja “pessoas que utilizaram informações privilegiadas para fazer apostas”.

Obrigado por lei a convocar eleições até Janeiro do próximo ano, Sunak manteve um enorme secretismo durante meses sobre a data exacta da votação. Ainda assim, tanto ele como os seus ministros deram a entender, em diversos momentos, que o Reino Unido só deveria ir a votos depois do Verão.

No entanto, no dia 22 de Maio, depois de ter sido anunciado que a inflação britânica tinha caído para o valor mais baixo em quase três anos (2,3%), o primeiro-ministro surpreendeu tudo e todos – inclusivamente deputados e militantes tories, que estão agora a demonstrar que a máquina partidária não parecia estar convenientemente preparada para a campanha – e marcou eleições para 4 de Julho.

Todas as sondagens apontam para uma derrota histórica do Partido Conservador e para uma vitória confortável do Partido Trabalhista, de Keir Starmer.

Para além da impopularidade generalizada, Rishi Sunak tem cometido vários erros durante a campanha, nomeadamente quando decidiu sair mais cedo das comemorações dos 80 anos do Dia D, falhando uma fotografia simbólica com Joe Biden (Presidente dos EUA), Olaf Scholz (chanceler da Alemanha) e Emmanuel Macron (Presidente de França), ou quando foi revelado que dois vereadores conservadores se fizeram passar por trabalhadores de uma fábrica para fazer perguntas ao primeiro-ministro.

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