Montenegro e Macron trocam promessas de cooperação sem mencionar Costa

Antes do almoço com o primeiro-ministro português, o Presidente francês falou de “convergência e vontade de fazer coisas juntos”, na Europa e no mundo. Montenegro quer aprofundar a cooperação.

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Emmanuel Macron recebeu Luis Montenegro para almoçar no Palácio do Eliseu, em Paris Dylan Martinez / REUTERS
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Na primeira vez que Luís Montenegro foi ao Palácio do Eliseu como primeiro-ministro, o assunto mais importante da conversa com o Presidente francês ficou fora das declarações aos jornalistas, que antecederam o almoço e não tiveram direito a perguntas. De tão óbvio, o tema ‘António Costa para a presidência do Conselho Europeu’ era o mais premente, e ainda que a escolha não dependa de Emmanuel Macron, o seu peso político e capacidade de influência são trunfos que Portugal quer ter do seu lado.

O chefe de Governo luso falara do assunto horas antes, na Gare de Orly, onde inaugurou o mural Strates Urbaines do artista português Vhils. “Não confio mais em nenhum outro socialista na Europa para desempenhar essa função”, disse aos jornalistas, afirmando-se “optimista” quanto à possibilidade do ex-primeiro-ministro ser escolhido para a presidência do órgão em que se sentam Montenegro e Macron.

Se a nomeação parece certa, a duração do mandato não, pois o PPE quer ficar com a segunda metade dele nos cinco anos da legislatura europeia, ao arrepio da tradição. Mas sobre esse ponto Montenegro nada disse, até porque colocaria em causa o seu próprio grupo político, o PPE. Em todo o lado, o primeiro-ministro português não poupa nos elogios a Costa, “não só por ser por português, mas pelas suas qualidades”, como repetiu esta manhã, destacando “a capacidade fazer pontes” inclusive com Estados-membros de quadrantes político-partidários “diferentes”.

Mas nas declarações conjuntas em frente ao Eliseu, foi Macron que se referiu muito ao de leve ao tema. “Iremos voltar às nomeações que irão acompanhar esta agenda e os valores europeus”, limitou-se a dizer, depois de ter enunciado os temas a abordar no encontro de duas horas.

E eram muitos: a agenda estratégica para a Europa, “as prioridades em termos geoestratégicos, políticos, militares, tecnológicos, económicos para uma Europa mais soberana e com estabilidade para os cidadãos”. Os dossiers internacionais como a Ucrânia, Médio Oriente e África, onde afirmou a “cooperação e interesses comuns” entre os dois países. A reunião da Comunidade Política Europeia, a 18 de Julho no Reino Unido.

Mais vaga foi a referência à agenda bilateral, em que ambos falaram das comunidades dos dois países e da “vontade de fazer coisas juntos”, como disse Macron. “Temos à nossa frente um espaço de cooperação que pode ser mais profundo e pode servir os nossos povos”, acrescentou Montenegro.

No final, o primeiro-ministro português desejou à França “as melhores felicidades na realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos” de Agosto, a que promete assistir. Antes acontecem umas eleições que podem fazer Macron perder o Governo em Paris, mas disso nenhum deles falou. E aí, Montenegro só lhe pode mesmo desejar boa sorte.

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