Croácia foi ao fundo, viu a luz, mas não teve arte para vencer a Albânia
Albaneses estiveram em vantagem até aos 74 minutos, perderam o rumo num esfregar de olhos, mas chegaram ao empate no último suspiro do tempo extra.
Depois do naufrágio com a Espanha, a Croácia voltou a ir ao fundo, ganhou forças e regressou à tona para uma golfada de ar crucial, mas acabou encalhada na praia, com um empate, aos 90+5', que não serve croatas nem albaneses.
Seriamente ameaçada por uma Albânia que, tal como frente à Itália, voltou a estar no comando, a Croácia esteve muito perto de consumar a reviravolta, mas não foi capaz de sobreviver à forte reacção dos vizinhos nos instantes finais, que até poderiam ter ditado um desfecho mais negro para os croatas.
O empate (2-2) passou por diversas transformações à entrada do último quarto de hora, depois de uma primeira parte dominada pela Albânia e uma segunda parte em que a equipa de Sylvinho viu esgotar-se a energia necessária para manter a coesão defensiva e resistir ao ataque da Croácia.
Mesmo assim, depois de ter sofrido dois golos no espaço de dois minutos, a Albânia esteve perto de igualar no último minuto. Mas tal como sucedera com a Itália, faltou a pontinha de sorte que normalmente protege os audazes. Uma sina que os albaneses acabaram por superar no período de compensação, onde marcaram mesmo, impondo uma igualdade que pode ser fatal para as duas selecções num torneio em que os quatro melhores terceiros classificados poderão seguir em frente.
Sem margem de manobra, esfumada na derrota (3-0) com a Espanha, Zlatko Dalic, seleccionador da Croácia, idealizou um jogo impositivo, dominador e de forte vocação ofensiva, como se percebeu pelas entradas de Perisic e Juranovic, pensadas para projectar a equipa nos dois corredores. Petkovic foi a opção para o ataque, por troca com Budimir.
Mas a Croácia deveria ter salvaguardado um aspecto que esteve perto de transformar a campeã Itália na primeira vítima dos albaneses nesta segunda presença em fases finais de Campeonatos da Europa: o carácter e o futebol positivo da selecção vencedora do Grupo E de apuramento, à frente de República Checa e Polónia.
Indiferente ao pedigree dos croatas - apesar de alguma “aversão” da selecção de Modric e companhia a Europeus, onde só uma vez chegou aos quartos-de-final, em 2008, tendo caído nos oitavos nas duas últimas edições -, a Albânia preparou uma entrada forte.
De tal forma que a Croácia não foi capaz de dominar os nervos na fase inicial, período em que a Albânia fez algumas aproximações indiciadoras do que pretendia depois de já ter surpreendido os italianos quando muita gente ainda estava a acomodar-se nas bancadas.
Desta feita, a Albânia não conseguiu uma entrada relâmpago, mas voltou a marcar cedo, aos 11 minutos, num cabeceamento de Laci. O timing não podia ter sido mais perfeito, já que a Croácia já tinha conseguido superar a dúvida existencial neste grupo da morte para assumir o controlo do jogo, ainda que sem criar situações de perigo.
O golo da Albânia mergulhou os croatas num estado de ansiedade difícil de ultrapassar e que só não se resultou numa espiral insuperável porque Livakovic evitou, aos 31 minutos, o que poderia ter sido o segundo golo dos albaneses, fruto de um passe falhado de Modric que Asllani esteve perto de transformar no pior pesadelo dos vizinhos dos balcãs.
À Albânia faltou o instinto matador que a Croácia revelou na segunda parte, depois de Dalic ter jogado todos os trunfos e de ter encostado o adversário às cordas.
Strakosha ainda protelou o inevitável, mas Kramaric (74') e um autogolo de Gjasula (76') determinaram o que parecia um triunfo irrevogável dos croatas. Mas a Albânia ainda não tinha atirado a toalha ao chão e foi em busca do golo do empate, que Gjasula obteve ao cair do pano, redimindo-se do autogolo. Agora, Croácia e Albânia ainda terão de aguardar pela última ronda para saberem se serão capazes de sobreviver à fase de grupos do Europeu alemão.