Dois suspeitos de tentar sequestrar Sergio Moro foram assassinados na prisão

Organização criminosa a que pertenciam, Primeiro Comando da Capital (PCC), terá ordenado a sua morte. Os três autores dos esfaqueamentos entregaram-se e foram isolados do resto da população prisional.

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O antigo juiz Sergio Moro, actualmente senador, depois de ter sido ministro da Justiça de Jair Bolsonaro UESLEI MARCELINO / REUTERS
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Dois detidos acusados de envolvimento num plano para sequestrar o actual senador Sergio Moro, antigo juiz que ficou conhecido pela Operação Lava-Jato, foram mortos à facada na prisão de Presidente Venceslau (a 565 quilómetros de São Paulo) na segunda-feira. A ordem terá partido da organização criminosa a que pertenciam, o Primeiro Comando da Capital (PCC), e os três alegados autores do crime entregaram-se logo a seguir, avançou a imprensa brasileira.

Janeferson Aparecido, conhecido por “Nefo”, e Reginaldo Oliveira de Sousa, que dava pela alcunha de “Rê”, ambos de 48 anos, foram detidos em Março do ano passado no âmbito da Operação Sequaz desencadeada a propósito de um alegado plano do PCC para realizar ataques contra autoridades.

Na altura, o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, levantou dúvidas sobre a verdadeira razão da acção judicial, ao considerar que se tratava de “uma armação” do próprio Moro. Para o chefe de Estado, que passou 580 dias na prisão por ordem do então juiz de Curitiba, a suspeição parte do facto de a ordem de prisão ter sido dada pela juíza Gabriela Hardt, que trabalhou com Moro na vara federal da Lava-Jato.

De acordo com o site noticioso Poder 360, o procurador Lincoln Gakiya, do Grupo de Actuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), que também seria um dos alvos do plano do PCC, o ataque contra Nefo e Rê ocorreu depois do almoço na segunda-feira, na altura em que os presos tiveram direito a sair para o pátio do presídio.

Enquanto Nefo foi levado para a casa de banho, onde foi esfaqueado, Rê seria morto a seguir no pátio.

As mortes foram confirmadas pela Secretaria de Administração Penitenciária do estado que adiantou que os autores confessos foram isolados do resto dos presos e deverão ser julgados pelos crimes.

Segundo o despacho da Justiça Federal em relação à Operação Sequaz, tanto Nefo como Rê seriam membros do alto comando do PCC, o primeiro como chefe de operações do grupo e o segundo como responsável por armas e munições e relações com outros grupos criminosos.

A Folha de S.Paulo afirma que os dois estavam acusados de tentativa de extorsão mediante sequestro, pertença a organização criminosa e posse ilegal de arma de fogo. O seu assassínio teria como objectivo impedir qualquer revelação dos presos sobre a organização criminosa, naquilo a que se chama vulgarmente queima de arquivo.

O plano contra Moro seria uma vingança por causa da transferência de chefes do PCC para prisões federais e a proibição de visitas íntimas. Marco Williams Herbas Camacho, conhecido como “Marcola”, o principal líder da organização, foi transferido do sistema penitenciário estadual de São Paulo para a penitenciária federal em Brasília em Fevereiro de 2019, numa altura em que Sergio Moro era ministro da Justiça do Governo de Jair Bolsonaro.

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