TAP diz que 2024 será mais um ano de lucros

“Vivemos um momento histórico na TAP”, defendeu o administrador financeiro da companhia, Gonçalo Pires, numa audiência parlamentar que inclui também o presidente executivo, Luís Rodrigues.

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TAP teve prejuízos nos últimos dois trimestres Rui Gaudêncio
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O administrador financeiro da TAP, Gonçalo Pires, prevê que a companhia se mantenha lucrativa este ano. Em resposta aos deputados no âmbito de uma audiência parlamentar, o gestor escusou-se a ser mais pormenorizado porque a empresa tem obrigações cotadas na Irlanda e não pode dar pormenores financeiros antes do tempo estipulado para a sua divulgação, mas considerou que “normalmente o segundo e terceiro trimestre são muito fortes”, e que, apesar da subida dos custos, o ano “continuará a ser positivo”.

As contas do primeiro semestre deste ano ainda estão em aberto, mas entre Janeiro e Março (tipicamente um mau trimestre para a empresa e para o sector) sofreu uma perda de 71,9 milhões, depois de ter registado também perdas no último trimestre de 2023. Contas feitas, nos dois últimos trimestres, a TAP teve um prejuízo acumulado de 98,1 milhões.

De acordo com o gestor da empresa pública, a TAP sofre de um normal “efeito de sazonalidade”, com o negócio a concentrar-se mais no período de Abril a Outubro, mais especificamente nos meses de Junho, Julho e Agosto.

Em resposta ao grupo parlamentar do Chega, Gonçalo Pires explicou que os “custos com pessoal tiveram e têm o seu impacto” nas contas. “A TAP celebrou os novos acordos de empresa nos últimos seis meses do ano passado, que representam um encargo adicional”, destacou. A este aspecto juntam-se outros, como o combustível e os custos de financiamento com a frota.

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Mesmo assim, defendeu Gonçalo Pires, “vivemos um momento histórico na TAP”. “Os resultados de 2023 são históricos, porque superam o plano de reestruturação, pedra basilar da gestão”, afirmou.

Privatização “é decisão do accionista”

Escusando-se a falar sobre a privatização prevista - que é “uma decisão do accionista”, o gestor assistiu a uma troca de palavras entre o PS e o PSD sobre a intervenção estatal iniciada em 2020. Do lado do PSD, o deputado Gonçalo Lage lançou algumas críticas ao apoio estatal (que totalizou 3200 milhões) mas também aos resultados actuais da companhia. “A gestão socialista da TAP só conseguiu resultados com cortes nos vencimentos e despedimentos”, defendeu Gonçalo Lage. Agora, acrescentou, “começamos a ter resultados que não esperávamos”.

O responsável financeiro, que transitou da anterior administração liderada por Christine Ourmières-Widener, foi chamado ao Parlamento esta terça-feira para falar das contas da empresa pelo Chega, tal como o presidente da TAP, Luís Rodrigues (nomeado pelo executivo PS). O PSD também apresentou depois um requerimento para a audição do presidente.

A TAP teve um lucro recorde em 2023, conforme anunciou a própria empresa, no valor de 177,3 milhões de euros, mas não escapou a prejuízos no último trimestre desse exercício (tal como no primeiro), no valor de 26,2 milhões de euros.

Custos com pessoal subiram 56%

Olhando para as contas do primeiro trimestre deste ano verifica-se que houve um forte aumento dos custos com pessoal, por efeito dos novos acordos assinados com os sindicatos para conseguir paz social. De acordo com os dados da TAP, os custos com pessoal subiram 56,9% face ao mesmo período de 2023, chegando aos 194,3 milhões. Esta foi a rubrica dos gastos operacionais que mais cresceu no período em análise.

No comunicado enviado às redacções a dar nota dos resultados do primeiro trimestre, o presidente da TAP sublinhou que o aumento das despesas com pessoal “foi impactado por custos extraordinários decorrentes de um acordo alcançado com os representantes dos pilotos e adicionalmente pela existência de reduções de remunerações em vigor em 2023, reduções essas eliminadas com a entrada em vigor dos novos acordos de empresa na segunda metade de 2023”.

“O investimento nas nossas pessoas, incluindo o fim dos cortes salariais, correcções da elevada inflação e os novos acordos de empresa, têm um impacto imediato no resultado, mas os benefícios continuarão a materializar-se”, defendeu Luís Rodrigues. “Vamos estar à altura do Verão forte com um significativo aumento de frequências para o Brasil e América do Norte”, acrescentou.

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