China vê taxas sobre carros eléctricos a “minar transformação verde da UE”

Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma considera que taxas de importação adicionais sobre veículos da China vão “distorcer” o mercado e “prejudicar os consumidores” europeus.

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Simon Dawson (Arquivo)
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A China defendeu esta terça-feira que as taxas aduaneiras impostas pela Comissão Europeia aos veículos eléctricos chineses vão prejudicar a "transformação verde do bloco comunitário" e a resposta global às alterações climáticas.

"As taxas de importação vão distorcer as cadeias de abastecimento automóvel globais e prejudicar os consumidores da União Europeia (UE). Além disso, vão prejudicar o próprio processo de transformação verde da UE e a resposta global às alterações climáticas", afirmou, em conferência de imprensa, o porta-voz da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma daquele país asiático.

Li Chao acrescentou que "o proteccionismo comercial não é a saída" e as taxas aduaneiras "vão impedir o desenvolvimento saudável a longo prazo das empresas da UE".

A China "apoia activamente as empresas do sector automóvel em todo o mundo a participarem numa concorrência leal e a manterem a estabilidade das cadeias de abastecimento", acrescentou, afirmando esperar que a UE "seja prudente, respeite as leis económicas básicas e as regras da Organização Mundial do Comércio e ouça também a própria indústria".

Há marcas europeias a produzirem carros na China, tal como há grupos europeus a quererem vender marcas chinesas na Europa. O anúncio mais recente, há precisamente um mês, foi o do grupo francês Stellantis, liderado pelo português Carlos Tavares e dono da Peugeot e de um portefólio com mais 13 marcas, que vai vender modelos da chinesa Leapmotor na Europa, incluindo Portugal, a partir do próximo Outono.

Carlos Tavares disse na altura que só estava interessado em vender a Leapmotor noutros mercados fora da China, mas admitiu que poderia colaborar na produção desses modelos na Europa, para lidar com custos agravados em taxas de importação, já que o objectivo da joint venture entre Stellantis e Leapmotor é acelerar a venda de eléctricos mais acessíveis no mercado europeu.

À margem da conferência desta terça-feira, Li defendeu que a indústria de veículos de novas energias se desenvolveu "muito rapidamente" na China e fornece "um grande número de modelos de alta qualidade".

"São muito bem recebidos pelos consumidores nacionais e estrangeiros. A chave para este rápido desenvolvimento reside na aplicação da lei, no respeito pela concorrência no mercado e na nossa persistência na abertura. Além disso, o conceito de desenvolvimento ecológico está profundamente enraizado na sociedade, tornando-se uma tendência, e a indústria automóvel seguiu esta tendência orientada para o consumidor", afirmou.

De acordo com Li, foi a "plena concorrência do mercado" que levou as empresas a aumentar "o investimento em Investigação de Desenvolvimento, criando vantagens competitivas na China".

O responsável sublinhou que empresas como a Tesla, a Volkswagen e a BMW não hesitaram em "investir na produção de veículos eléctricos na China".

As declarações surgiram depois de a Comissão Europeia ter anunciado, na quarta-feira, taxas adicionais de 21%, em média, sobre as importações de veículos eléctricos provenientes da China, na sequência de uma investigação aos subsídios atribuídos pelo Governo chinês, lançada em Outubro do ano passado.

Cinco dias depois, o Ministério do Comércio chinês anunciou uma investigação antidumping (concorrência desleal) contra algumas importações de carne de porco e derivados da UE, numa resposta antecipada às taxas aduaneiras impostas por Bruxelas aos veículos eléctricos chineses.

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