Zelensky: “Planos de acção para a paz abrem caminho para segunda cimeira”

Comunicado final da cimeira da paz para a Ucrânia apoiado pela maioria dos participantes mas alguns países ficam de fora.

Foto
Volodymyr Zelensky na conferência de imprensa final da cimeira ALESSANDRO DELLA VALLE / VIA REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:10

A guerra da Rússia na Ucrânia está a causar” sofrimento humano e destruição em grande escala”, mas o caminho para a paz precisa do envolvimento de todas as partes, afirma o comunicado final da cimeira da paz para a Ucrânia, que termina este domingo na Suíça.

O comunicado foi apoiado pela maioria dos mais de 90 países que participaram na cimeira, mas alguns não o subscreveram, incluindo a Arábia Saudita e a Índia.

“A guerra em curso da Federação Russa contra a Ucrânia continua a causar sofrimento humano e destruição em grande escala e a criar riscos e crises com repercussões globais”, refere a declaração.

Nas suas primeiras declarações, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que o apoio dos líderes ocidentais e de outros países na cimeira demonstra que o Estado de direito internacional pode ser restaurado.

“Espero que possamos alcançar resultados o mais rapidamente possível”, disse Zelensky. “Vamos provar a toda a gente no mundo que a Carta das Nações Unidas pode ser restaurada e que a sua eficácia é total”.

“Concordámos em começar a trabalhar em grupos especiais após a cimeira sobre ideias específicas, propostas e desenvolvimentos que possam restaurar a segurança em vários aspectos”, disse o líder ucraniano numa conferência de imprensa conjunta.

“Quando os planos de acção para a paz estiverem prontos e quando todos os passos forem dados, será aberto o caminho para a segunda cimeira de paz”, acrescentou Zelensky.

Do lado da UE, a presidente da Comissão Europeia afirmou que a cimeira realizada na estância alpina de Bürgenstock deixou mais próxima a paz na Ucrânia, mas a verdadeira paz não será alcançada de uma só vez e o caminho para a alcançar exigirá paciência e determinação.

“Sabemos que a paz na Ucrânia não será alcançada de uma só vez, será uma viagem”, afirmou Ursula von der Leyen.

Já Viola Amherd, Presidente da Suíça, país anfitrião da conferência, contou que a "maioria" dos países presentes concordou com a declaração, o que "mostra o que a diplomacia consegue alcançar".

Os representantes portugueses presentes na conferência chamaram à atenção para a importância de todas as partes envolvidas no conflito. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, no entanto, considera que este é um "primeiro passo".

"Este é um passo, há outros passos, e nos outros passos é bom que haja o alargamento a novos parceiros, naquela expressão que provavelmente o comunicado vai adotar ‘all parties’ [todas as partes]. E eu acrescentei que, em rigor, deviam ter estado já aqui neste primeiro passo, mas poderão estar em passos seguintes", afirmou o Presidente em declarações aos jornalistas citadas pela Lusa.

Já o ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Rangel chamou ainda à atenção para a questão da segurança alimentar que pode trazer mais países "para o lado do direito internacional".

"Todas as partes têm de ser chamadas. Nós podemos pôr do lado do direito internacional, do lado da soberania e da independência da Ucrânia, do lado da integridade territorial, todos estes parceiros se lhes mostrarmos, como lhes estamos a mostrar, que isto é crítico também para eles”, disse o ministro, citado pela Lusa.

"Portanto, para nós trazermos parceiros, em particular da África e da Ásia, mas também alguns da América Latina, nomeadamente da América Central, para este diálogo, é preciso, naturalmente, ver qual é o impacto que esta guerra tem sobre eles. E então no continente africano isso é claro: é mesmo a fome", acrescentou ainda.

Sugerir correcção
Ler 14 comentários