As canções que trazem alguma sanidade a Arooj Aftab

Após o enorme sucesso de Vulture Prince, que lhe valeu um Grammy, a cantora paquistanesa regressa com Night Reign, majestoso álbum contrário à velocidade e aos conflitos em que vivemos.

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“Neste momento, estou a construir sobre a ideia de Vulture Prince”, explica ao Ípsilon na altura em que lança o sucessor Night Reign Shreya Dev Dube
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Uma voz vaporosa, instrumentos a soltar notas a conta-gotas, canções a serem desenroladas com a lentidão de um final de tarde com o calor a apertar. Escrevíamos, há dois anos, que a passagem da cantora paquistanesa (radicada nos Estados Unidos) Arooj Aftab parecia uma miragem no cenário do Rock in Rio. Não só pela própria essência das canções, nascida de um caldo de luto, amor e álcool, mas também porque aquele contexto, em que cada tema quase sufocava com os DJ ao serviço de uma roda gigante e a música com decibéis em histeria cuspida pelos espaços comerciais em volta, a actuação de Arooj Aftab parecia ainda mais irreal e produto de uma alucinação patrocinada pela canícula. E essencial também. Num mundo tomado por estímulos em excesso, por multitasking em vários ecrãs e janelas simultâneos, as canções de Aftab contrariam a velocidade, a dispersão, as emoções que se consomem a si mesmas no espaço de dois segundos e pouco sabor deixam na boca. “Estamos a tentar tornar a música triste novamente sexy”, dizia a cantora então ao seu público, sabendo que a desaceleração, a pouca espectacularidade e a capacidade de desligar o mundo à volta para se entrar dentro de uma canção não têm, à data de hoje, a cotação em alta.

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