Eikko, a aplicação de procura de emprego que é “como uma mistura de LinkedIn e Tinder”

O objectivo da web app é reduzir as perdas de tempo e os enviesamentos em processos de recrutamento. O funcionamento assemelha-se ao de uma aplicação de encontros.

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A eikko é uma web app disponível há cerca de um ano DR
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Há uns anos, ao procurar emprego, Hugo Esteves reparou que não recebia respostas a várias das suas candidaturas. Isso motivou-o a, “uma ou duas semanas antes da pandemia”, criar, com Nuno Moço, a web app eikko. Na prática, descreve Hugo Esteves, agora CEO da eikko, ao PÚBLICO, “é como se fosse uma mistura de LinkedIn e Tinder”.

Depois de se inscreverem no site oficial, os candidatos criam um perfil que inclui informações como o contacto e naturalidade, mas também uma série de preferências. Prefiro teletrabalho, trabalho presencial ou híbrido? Em part-time ou a tempo inteiro? Quanto quero receber por ano? Há ainda a opção de preencher um formulário de personalidade onde candidatos esclarecem se preferem trabalhar sozinhos ou em grupo, se preferem tarefas criativas, entre outras.

As empresas são convidadas a indicar os valores que defendem e a dar informações sobre a identidade empresarial. Também tem de anunciar que competências exige ao futuro trabalhador, qual o salário previsto e as características do trabalho. O algoritmo alinha empresas e candidatos com características que combinam e dá-se a correspondência entre uns e outros.

“Do lado do candidato, é uma coisa à Tinder”, explica Hugo Esteves. “Abre o emprego, vê as suas características e vê se aquele emprego é adequado a si.” À empresa é apresentada uma lista de candidatos que se enquadram no que procuram. E ninguém fica sem resposta: quando acontece a ligação entre recrutador e recrutado, ambos são notificados.

Preocupação com o enviesamento

Hugo Esteves assume a redução do enviesamento no recrutamento como uma das maiores preocupações no desenvolvimento da web app. Não são utilizados dados pessoais dos candidatos para treinar o algoritmo, à excepção dos que se relacionam com as suas competências. Também não se usam dados de recrutamentos antigos e só depois de acontecer a correspondência de exigências é que o recrutador pode ver o perfil completo da pessoa, “para não ser influenciado pelas suas crenças e viés cognitivo inconsciente”.

Em recrutamentos tradicionais também há casos em que o algoritmo exclui candidatos porque usam no currículo palavras-chave diferentes das que estão nos anúncios. “O nosso modelo de tratamento de linguagem natural consegue perceber que a competência customer service é equivalente a customer management, ou que Microsoft Excel é muito semelhante a Google Sheets”, explica o CEO.

Também “há estudos que indicam que os homens costumam indicar mais competências do que as mulheres”, o que as pode prejudicar. “No nosso caso, o algoritmo tenta compensar para que isso não aconteça”, acrescenta.

No mercado há “mais ou menos um ano”, a eikko trabalha, actualmente, com “empresas da área tecnológica, ligadas à inovação, ao empreendedorismo”. Ainda não há uma aplicação que possa ser descarregada para telemóveis, mas é um objectivo. “Obviamente que é sempre melhor ter a app nativa, mas ainda não temos fundos para isso”, confessou o CEO.

Artigo actualizado às 13h59 para correcção textual

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