Pedro Nuno diz que Montenegro “não tem vontade de construir nada com o PS”

Em resposta ao primeiro-ministro, o líder do PS acusou Luís Montenegro de ser o “principal agente da instabilidade política em Portugal”.

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Pedro Nuno Santos respondeu esta sexta-feira a Luís Montenegro Daniel Rocha
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A Feira da Agricultura de Santarém foi a mesa usada nas últimas 24 horas por Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro para novo pingue-pongue sobre quem quer mais dialogar e quem quer menos a estabilidade política.

Depois de esta quinta-feira ter passado pelo certame, acompanhado pelo Presidente da República, o primeiro-ministro atirou contra o PS, garantindo que o Governo da Aliança Democrática continuará a governar quer haja, ou não, convergência com a oposição.

Montenegro respondia assim às acusações da líder parlamentar socialista, que, na véspera, tinha criticado o executivo por pretender contornar o Parlamento através de autorização legislativas que evitam ter de “apresentar propostas de lei” aos deputados. Alexandra Leitão respondia, por sua vez, ao ministro dos Assuntos Parlamentares, que havia acusado o PS de pôr em causa a governação com a aprovação de medidas no Parlamento contra a vontade do executivo.

“Acha mesmo que os portugueses querem saber se as propostas do Governo são propostas de lei ou propostas de autorização legislativa?”, questionou Montenegro em resposta a perguntas dos jornalistas. E acrescentou: “Eu pergunto se é nisto que se concentram os agentes políticos. Se é, eu desejo-lhes boa sorte para essa tarefa, porque a minha é diferente. A minha é a vida concreta das pessoas, é a resolução dos problemas das pessoas."

Já ao final da manhã desta sexta-feira, Pedro Nuno Santos reagiu à reacção do primeiro-ministro, garantindo ter ouvido “com preocupação” a tirada de Luís Montenegro, contrapondo que no PS existe “disponibilidade para construir essa convergência” e que se a mesma não está a ser promovida é por indisponibilidade do Governo.

O líder socialista aduziu dois argumentos para justificar a preocupação do partido. “Quando o senhor primeiro-ministro diz que governa a pensar na vida concreta dos portugueses, ora não é verdade. Temos assistido a um conjunto de medidas vendidas como sendo destinadas à classe média, mas que só beneficiam, ou beneficiam muito mais, uma minoria a que este Governo chama ‘classe média’”, afirmou, em declarações transmitidas pela RTP3, numa clara referência à proposta inicial de PSD e CDS para os escalões do IRS.

O segundo argumento usado por Pedro Nuno Santos diz respeito ao que considera a indisponibilidade de Montenegro, para além de proclamar querer dialogar, passar das palavras aos actos.

“Reiteradamente o senhor primeiro-ministro mais uma vez vem confirmar que não está interessado em envolver o Parlamento, envolver a oposição (…). Isso é preocupante, porque temos na pessoa do primeiro-ministro o principal agente da instabilidade política em Portugal (...). Não tem nenhuma vontade de construir o que quer que seja com o PS, mesmo não tendo uma maioria para viabilizar a sua governação”, disse.

Para Pedro Nuno Santos prova disso é o que o executivo se prepara para aprovar no Conselho de Ministros desta sexta-feira medidas destinadas a tornar a carreira docente mais atractiva.

“O Orçamento está já a ser comprometido hoje sem qualquer negociação [com a oposição], temos um governo a não querer passar pelo Parlamento um conjunto de iniciativas legislativas”, continuou o secretário-geral do PS, que criticou a vontade do executivo, noticiada esta sexta-feira pelo Expresso, de “reverter algumas medidas que foram aprovadas no Parlamento” no Orçamento do Estado para 2025.

“Há alterações legislativas e fiscais aprovadas no Parlamento que, aparentemente, o Governo está a estudar como pode reverter em sede orçamental”, apontou.

Lamentando que Montenegro esteja “sempre à procura de responsabilizar os partidos da oposição pela instabilidade política”, Pedro Nuno afirma que “o primeiro-ministro vai mostrando que não está nada interessado em ter estabilidade política”. E acentuou: “[Dessa forma o Governo está a contribuir para uma] crise política que todos devíamos querer evitar.”

Pedro Nuno Santos avisa que o “Governo não se pode comportar como se tivesse maioria absoluta” e que o PS não aprovará de cruz as medidas pretendidas pelo executivo sem que haja negociação prévia: “Isso não vai acontecer nunca.”

Já no briefing do Conselho de Ministros realizado ao início da tarde desta sexta-feira, o ministro da Presidência continuou a troca de farpas, frisando que o compromisso do Governo passa por "resolver problemas independentemente dos ciclos políticos e independentemente das tentativas de bloqueio que os outros possam fazer".

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