NATO vai assumir a coordenação da formação e treino das forças ucranianas
Ministros da Defesa deram luz verde ao plano de Stoltenberg, que será ratificado na cimeira de Washington.
Na última reunião ministerial antes da cimeira da NATO em Washington, os titulares da pasta da Defesa deram o seu aval ao plano delineado pelo secretário-geral, Jens Stoltenberg, para que a aliança possa assumir a “coordenação da assistência de segurança”, bem como a responsabilidade pela formação e treino de militares ucranianos – “um esforço” que vai decorrer em território da NATO e envolver “cerca de 700 pessoas”, estimou.
“A NATO vai supervisionar o treino das Forças Armadas ucranianas em instalações militares dos países aliados, e prestará apoio ao seu desenvolvimento a longo prazo”, anunciou Jens Stoltenberg, no final da reunião dos ministros da Defesa da NATO, esta sexta-feira, em Bruxelas.
Para esse efeito, vai ser estabelecido um novo comando da NATO, “sob a direcção de um general de três estrelas que responde perante o Comandante Supremo Aliado da Europa”. O comando ficará instalado no complexo militar dos Estados Unidos na localidade alemã de Wiesbaden, e terá uma série de “nós logísticos” no flanco Leste, revelou.
Os ministros também já deram o seu acordo à proposta do secretário-geral de passar para a NATO o papel de coordenação e planeamento das doações de material militar, e de gestão da transferência e reparação de equipamentos, que agora é desempenhado pelo Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia.
“Estes esforços não tornam a NATO parte do conflito, apenas reforçam o seu apoio à Ucrânia no exercício do seu direito à autodefesa”, vincou Stoltenberg, confirmando que as decisões só serão formalizadas pelos chefes de Estado e governo da aliança na cimeira de Washington, de 9 a 11 de Julho.
O secretário-geral repetiu que o apoio da NATO à Ucrânia estará no centro das discussões da cimeira, mas voltou a gorar as expectativas de um convite para a adesão do país à aliança. No ano passado, em Vilnius, os aliados confirmaram a inevitabilidade da entrada na NATO assim que as condições permitam. Este ano, em Washington, trata-se de “garantir uma base mais sólida para o apoio à Ucrânia nos próximos anos”.
E nesse sentido, ainda falta algum trabalho para concretizar outra proposta, de um plano plurianual de assistência financeira para sustentar o apoio militar. Jens Stoltenberg colocou a fasquia nos 40 mil milhões de dólares anuais, que correspondem à média das doações e contribuições dos aliados para a Ucrânia depois da invasão em larga escala pela Rússia.
“Muitos aliados apoiam a ideia de um compromisso financeiro de longo prazo, considerando que dá melhores condições de planeamento aos ucranianos, dá mais previsibilidade e transparência e garante uma partilha mais justa de encargos dentro da aliança”, explicou. “Mas ainda não chegámos a acordo sobre isso”, admitiu.