Livraria Lello desiste de torre com miradouro para poder avançar com obras

Proprietários do estabelecimento histórico queriam construir torre de 21 metros com elevador no edifício vizinho, em zona tampão de património da humanidade, mas CCDR do Norte chumbou pretensão.

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Donos da livraria deixam cair proposta de torre para poderem avançar mais rapidamente para a intervenção no edifício vizinho. DR
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Depois de ver as autoridades darem parecer negativo à construção de um miradouro com 21 metros de altura, os donos da Livraria Lello submeteram nova proposta de projecto à Câmara Municipal do Porto (CMP) que deixa de prever a estrutura.

Em comunicado, a Lello anunciou que o projecto agora apresentado já não inclui o “elevador/escultura” projectado por Álvaro Siza e que seria instalado nas traseiras do número 148/152 da Rua das Carmelitas, o edifício vizinho ao da livraria.

Por “elevador/escultura”, a Lello refere-se à estrutura de 21 metros que estava prevista na proposta inicial, mas que recebeu o parecer negativo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) por estar na zona especial de protecção da mancha do centro histórico do Porto classificada pela UNESCO como património da humanidade.

No documento em que decidia sobre o projecto, a CCDRN escrevia que “o miradouro proposto é (...) uma estrutura muito impactante e dissonante que iria perturbar o perfil edificado existente, tendo em conta a dimensão e os materiais propostos”. Para termo de comparação, a fachada da livraria tem cerca de 10 metros de altura, somando-se mais quatro metros de elementos decorativos.

Em Abril, a comissão referia ao PÚBLICO que a decisão não estava apenas relacionada com aquele miradouro específico, mas também com a possibilidade de abrir um precedente. O “precedente muito negativo” poderia depois “ser invocado compreensivelmente por outros requerentes, com a consequência de multiplicar soluções semelhantes nesta zona da cidade”, cuja paisagem é marcada pela Torre dos Clérigos.

Na terça-feira, lê-se no texto enviado pela Lello às redacções, a empresa submeteu aos serviços da autarquia um novo projecto, aceitando “todas as alterações propostas pelo município do Porto e pela CCDRN”. A obra continua a prever a instalação de “uma nova estrutura” com um elevador, mas este “servirá apenas para o cumprimento da função de mobilidade”.

A livraria, que é parte do Grupo Lionesa, do empresário Avelino Pedro Pinto, espera assim que estejam “criadas as condições para tornar o projecto viável” e “acredita que estão reunidas todas as premissas para a aprovação imediata do projecto.

No processo urbanístico consultado pelo PÚBLICO, em Maio, lia-se que os proprietários da Lello pretendem “demolir parcialmente o edifício existente, reconstruí-lo, alterando a sua compartimentação interna, estrutura resistente, fachadas e cobertura, e ampliar a sua área de implantação, área de construção e volumetria”. O objectivo seria passar a área de implantação de 179 para 188 metros quadrados.

Era ainda proposta a instalação de um elevador nas traseiras do edifício que serviria também a Livraria Lello e no topo do qual se propunha a criação de um miradouro.

Depois da requalificação, no edifício que abriu as portas em 1908, para alojar os Armazéns do Anjo, a Lello quer criar um novo espaço cultural. O objectivo é que a intervenção esteja concluída em 2026, ano em que a livraria celebra 120 anos. No entanto, para que as obras comecem, é preciso esperar por novo parecer da CCDRN e pela decisão do município.

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