A Escócia já grita “liberdade” nas ruas de Munique
O jogo de abertura do Euro 2024 começou há muito, com a “mini-invasão” dos adeptos escoceses. Ruidosos, claro, e prontos para apoiar a selecção até a voz o permitir.
Não são tempos fáceis, estes, para os artistas de rua. Especialmente no centro de Munique, cidade que dá o tiro de partida para o Euro 2024, e particularmente para os músicos, que têm mais dificuldade em fazer-se ouvir. A culpa? Bem, não gostamos de apontar o dedo, mas digamos que há muitos adeptos escoceses que não gostam de passar despercebidos.
De Arabellapark, nos arredores, até Marienplatz, bem no coração da cidade, não há como fugir. “Freedoooom”. Assim mesmo, com a vogal prolongada, numa referência óbvia ao incontornável Braveheart, de Mel Gibson, ecoa pelo jardim. Um par de (outros) escoceses ri-se e comenta: “Está bem-disposto”.
Estão praticamente todos, na manhã desta sexta-feira. Os que tomam conta das esplanadas com cerveja XXL à frente do nariz, os que enchem as lojas de artigos desportivos à procura de uma memória de tecido, os que se perfilam em frente ao imponente e emblemático edifício da Câmara Municipal para confraternizar.
Muitos deles são atraídos por uma gaita-de-foles que teve o engenho de estar no sítio certo à hora certa para inflacionar o negócio. Ensaia uns arranjos, trata da afinação e está pronto a atender pedidos. Depois, claro, com as câmaras dos telemóveis apontadas, aproveita o facto de ser o centro das atenções por um par de minutos.
A Escócia chegou em força ao Euro 2024 e o Euro 2024 preparou-se devidamente para a receber. Nos transportes públicos ouve-se repetidamente a frase "We hope you enjoy the match between Germany and Scotland" (Esperamos que aproveitem o jogo entre a Alemanha e a Escócia), há indicações claras para quem quer chegar ao estádio ou às fan zones, há ambiente de festa.
"No Scotland, no party", berra-se numa ou outra artéria. E para quem não decifrar o inglês, que o sotaque é mais cerrado, há kilts a condizer, há bandeiras às costas, há equipamentos da selecção escocesa, desta e de outras gerações. A olho, diríamos que o rácio de escoceses para alemães, em matéria de adeptos nas ruas de Munique, é de quatro para um. Ou, pelo menos, de adeptos identificáveis, já que a febre da Mannschaft não parece ter (ainda) contagiado os alemães - e, convenhamos, muitos estarão a trabalhar por estas horas.
Dentro de meia-dúzia de horas, toda esta mole de futebol ambulante mudar-se-á, de bandeiras e cachecóis, para as bancadas da Allianz Arena, onde Alemanha e Escócia farão a estreia neste Campeonato da Europa, com direito a cerimónia de abertura, como se impõe. Se mantiverem o entusiasmo, o discernimento e a voz intactos até lá, vai valer a pena, seja qual for o resultado.