Um dicionário das palavras que caíram nas boas graças do nosso tempo, aproveitando o impulso de Flaubert e, depois, de Karl Kraus para pensar uma ética da linguagem (o primeiro, no seu Dictionnaire des idées reçues, das ideias feitas, enquanto formas eloquentes da “estupidez”, da bêtise, da sua época; o segundo satirizando a “fraseologia” do jornalismo vienense do seu tempo), haveria de observar a vulgar intromissão de algumas palavras formadas com um prefixo de sentido negativo: o prefixo “dis”. Duas delas são tão antigas quanto as suas correspondentes de sinal positivo, mas a sua ocorrência era pouco frequente, já que pertenciam ao campo semântico de um discurso muito técnico ou erudito: refiro-me a “distopia” e disforia” (“utopia” entrou cedo no uso corrente, tendo-se perdido de vista o sentido preciso que lhe deu o seu inventor, Thomas More). A terceira, “disruptivo”, é nossa contemporânea, emergiu triunfante da nossa circunstância, aqui e agora.
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