Número de pessoas deslocadas à força atinge os 120 milhões
Portugal recebeu cerca de 2600 novos pedidos de asilo no ano passado, sendo as principais nacionalidades a Gâmbia, o Afeganistão e a Colômbia, revelou a Agência da ONU para os Refugiados.
O número de pessoas deslocadas à força atingiu níveis históricos: 120 milhões em Maio de 2024. Foi o 12.º aumento anual consecutivo e reflecte o impacto quer dos novos conflitos quer da incapacidade de resolver crises de longa data, lê-se num comunicado divulgado pela agência das Nações Unidas.
A população deslocada equivale aproximadamente ao 12.º maior país do mundo — ou seja, um país como o Japão, acrescenta o relatório Tendências Globais — Deslocamentos Forçados em 2023, da Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR).
Portugal recebeu cerca de 2600 novos pedidos de asilo no ano passado, sendo as principais nacionalidades a Gâmbia, o Afeganistão e a Colômbia, de acordo com o mesmo documento.
"No final de 2023, existiam em Portugal cerca de 1300 requerentes de asilo, 3800 refugiados e beneficiários de protecção subsidiária e 59.400 titulares de protecção temporária", precisou a organização.
Nos últimos anos, cerca de 75% dos novos pedidos de asilo foram apresentados dentro do território português e 25% na fronteira aérea, principalmente no aeroporto de Lisboa.
A mesma fonte sublinhou que em 2018, vinte anos depois de encerrar os seus escritórios, o ACNUR restabeleceu presença em Portugal. Com três funcionários no terreno, o Gabinete Regional para a Europa em Genebra coordena as actividades em Portugal. Centra-se na advocacia e apoia autoridades e instituições não-governamentais na prestação de protecção. Também fornece formação, apoio técnico e aconselhamento em questões de asilo e refugiados.
"Um factor-chave que impulsionou os números de deslocamentos forçados foi o devastador conflito no Sudão: no final de 2023, 10,8 milhões de sudaneses permaneciam deslocados", revela a ONU.
Estima-se também que, até o final do ano passado, 1,7 milhão de pessoas (75% da população) tenham sido obrigada a deslocar-se na Faixa de Gaza, a maioria palestiniana. Mas a Síria continua a ser o país com mais deslocados — 13,8 milhões de pessoas dentro e fora do país.
"Este sofrimento deve mobilizar a comunidade internacional a agir urgentemente para enfrentar as causas fundamentais dos deslocamentos forçados”, disse Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados. “É hora de as partes em conflito respeitarem as leis básicas da guerra e o direito internacional. Sem uma cooperação melhor e esforços concertados para abordar os conflitos, violações dos direitos humanos e a crise climática, os números de deslocamentos continuarão a aumentar."