O partido populista de direita radical Reform UK, de Nigel Farage, ultrapassou pela primeira vez o Partido Conservador do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, numa sondagem divulgada esta quinta-feira.

A sondagem da YouGov para o jornal Times coloca o Reform UK com 19%, contra os 17% anteriores, e o Partido Conservador com 18%. O Partido Trabalhista, na oposição, lidera com 37% das intenções de voto.

A sondagem contou com respostas de 2211 inquiridos e foi realizada entre os dias 12 e 13 de Junho, depois de Sunak se ter comprometido a reduzir os impostos em 17 mil milhões de libras (cerca de 20 milhões de euros), se for eleito nas eleições antecipadas de 4 de Julho.

O Reform UK tem subido nas sondagens desde que Farage, mais conhecido pela sua bem-sucedida campanha pelo “Brexit”, ter anunciado o seu regresso à política activa, assumindo a liderança do partido e candidatando-se a deputado.

“Este é o ponto de viragem. O único voto desperdiçado agora é o voto no Partido Conservador. Nós somos os adversários do Labour e estamos a caminho”, disse Farage num vídeo publicado na rede social X.

O Reform UK foi fundado em 2018 com o nome de “Brexit Party” e apoia causas populistas, como o endurecimento das leis de imigração.

Questionado sobre se a tendência de crescimento nas sondagens se manterá, um deputado conservador que não quis ser identificado disse à Reuters: “Sim. Penso que as pessoas estão fartas dos tories [Partido Conservador], mas não do conservadorismo. Por isso, estão a mudar para outro partido conservador.”

A campanha de Sunak foi alvo de fortes críticas nos últimos dias depois de o primeiro-ministro britânico ter abandonado os eventos comemorativos do Dia D em França, quando estes ainda decorriam, para conceder uma entrevista a um canal de televisão.

Apesar dos mais recentes números, outras sondagens têm colocado o Partido Conservador confortavelmente à frente do Reform UK. E ainda que o Reform UK possa até superar os conservadores na votação nacional, tal não garante ao partido a conquista de um número superior de lugares no Parlamento.

Em causa está o facto de o apoio ao partido de Farage estar disperso de forma uniforme por todo o país, diluindo geograficamente a vantagem e impedindo a vitória no sistema de círculos uninominais. O apoio ao Partido Conservador, tal como aos trabalhistas, está mais concentrado geograficamente, permitindo a conquista de múltiplos círculos eleitorais. No limite, o partido de Farage pode não conseguir eleger qualquer deputado.