PSP diz que actuou para evitar “desordem generalizada” na manifestação em Belém

Antifascistas e nacionalistas entraram em confrontos no dia 10 de Junho, com polícia à mistura.

Foto
Neonazi Mário Machado foi um dos que estiveram presentes na manifestação nacionalista RODRIGO ANTUNES / LUSA
Ouça este artigo
00:00
02:46

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A PSP nega ter usado brutalidade durante as manifestações que tiveram lugar junto ao Padrão dos Descobrimentos no dia 10 de Junho e diz que a sua intervenção impediu que os acontecimentos descambassem para uma “desordem generalizada”.

Os confrontos entre os manifestantes das facções opostas deram-se quando se juntaram no local uma manifestação de vários movimentos antifascistas, intitulada "Não Passarão", e outra de cariz nacionalista, associada ao Grupo 1143, com a presença de Mário Machado, porta-voz do grupo nacionalista e militante da extrema-direita.

Embora comunicadas à Câmara Municipal de Lisboa e agendadas para horários diferentes, as concentrações acabaram por coincidir, por os nacionalistas terem chegado mais cedo do que o previsto, relatou a agência Lusa.

A actuação policial foi criticada pelo SOS Racismo e também pelo Colectivo pela Libertação da Palestina, organização segundo a qual, “de um momento para o outro, começaram a voar bastonadas em todas as direcções, e várias pessoas ficaram magoadas e com necessidade de socorro médico”.

“Toda a gente que se encontrava na linha da frente da concentração, segurando as faixas ou estando apenas por ali perto, serviu de alvo para os agentes. Não houve perguntas nem ordens nem compassos de espera — o que estava em causa era carregar”, queixa-se este colectivo, segundo o qual os agentes em serviço, “quase todos sem identificação”, chegaram ao ponto de “abrir a cabeça a uma pessoa mais velha, que teve de levar pontos, espetarem uma bastonada nas costas de um jornalista e espancarem brutalmente companheiras nas pernas, nas costas, largando até bastonadas e pontapés em quem se encontrava no chão, caído e desamparado”.

“Quando a brutalidade acalmou, os antifascistas encontraram-se cercados pelo corpo policial contra o lago que faz fronteira com a praça. A polícia decidiu reter quem ali estava o tempo que achou necessário, impedindo até a assistência médica a quem tivesse ficado de fora do cerco”, descreve a mesma organização.

Contactada pelo PÚBLICO, a direcção nacional da PSP começa por explicar que não estava prevista a coincidência de horário entre as duas manifestações que "foram devidamente comunicadas à autoridade administrativa, neste caso a Câmara Municipal de Lisboa, tendo essa entidade informado a PSP da realização das mesmas".

“Tendo em conta que em determinado momento começaram a acontecer focos de tensão, incluindo o arremesso de alguns objectos e provocações entre os diferentes manifestantes e manifestações, a PSP procedeu a intervenção de forma a criar maior distância entre os dois grupos, criando um perímetro de segurança maior, garantindo que ambos pudessem exercer o seu direito”, explica a Polícia de Segurança Pública, segundo a qual a sua intervenção “evitou que o foco de tensão escalasse para desordem generalizada, tendo-se garantido o equilíbrio entre segurança, liberdade e o direito constitucionalmente previsto de manifestação”.

O PÚBLICO questionou a IGAI sobre se irá abrir algum inquérito às queixas da actuação dos agentes, mas não obteve resposta.

Sugerir correcção
Ler 38 comentários