O mês de Maio nos cinemas portugueses foi o pior da década, pandemia à parte

Espectadores e receitas desceram quase 40% face a Maio de 2023. O Reino do Planeta dos Macacos foi o filme mais visto e Revolução (Sem) Sangue liderou nas produções nacionais.

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Rui Pedro Sousa, realizador do filme Revolução (Sem) Sangue Nelson Garrido
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Os cinemas portugueses registaram em Maio 3,9 milhões de euros de receita de bilheteira, o que representa uma quebra de quase 40% por comparação com o mesmo mês do ano passado. E se exceptuarmos o período da pandemia, é mesmo preciso recuar dez anos para se encontrar um valor tão baixo.

Segundo os dados mensais de exibição de cinema em Portugal divulgados esta quarta-feira pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), a receita de bilheteira sofreu uma quebra de 38,9%, e os cerca de 665 mil espectadores contabilizados representam um recuo de 39,7%, também por referência ao mês homólogo de 2023.

Retirando da equação os atípicos anos pandémicos de 2020 e 2021, com o encerramento dos cinemas, primeiro, e depois com o distanciamentos social que obrigou a reduzir a lotação máxima das salas, o ano mais recente em que encontramos um mês de Maio com valores igualmente baixos é 2014, quando os os filmes exibidos em salas portuguesas foram vistos por 683 mil espectadores, tendo então sido obtida uma receita de 3,6 milhões de euros.

A quebra actual era já evidente no passado mês de Abril, com as salas portuguesas a registarem 3,8 milhões de euros de bilheteira, um valor apenas comparável aos 3,6 milhões obtidos em Abril de 2013.

Olhando para o conjunto dos primeiros cinco meses de 2024, Maio até apresenta uma ligeira recuperação em relação ao mês anterior, com quase mais 32 mil espectadores e um aumento de receita na ordem dos cem mil euros. Maio e Abril, no entanto, continuam como os piores meses deste ano para as salas portuguesas de cinema, tanto em audiência como em receitas, já que a média mensal dos três meses anteriores é de 896 mil espectadores para um resultado de bilheteira de 5,5 milhões de euros.

Em Maio, o filme mais visto foi O Reino do Planeta dos Macacos, com 96.193 espectadores, que geraram 601 mil euros de bilheteira. Já o filme Revolução (Sem) Sangue, de Rui Pedro Sousa, estreado a 11 de Abril, mantém-se como a produção portuguesa mais vista em sala, ao somar, até ao final de Maio, 20.353 espectadores e perto de 112 mil euros de receita.

A descida acentuada em Abril e Maio levou a uma quebra de 7,1% de receitas de bilheteira, situando-a nos 24,5 milhões de euros no conjunto dos primeiros cinco meses do ano, contra os 26,3 milhões conseguidos durante o mesmo período de 2023. Em termos de audiência, há perda de 10% face a 2023, com 3,99 milhões de espectadores, que contrastam com os 4,43 milhões dos primeiros cinco meses de 2023.

Este ano, a empresa Cinemundo lidera entre as distribuidoras cinematográficas, com 1,8 milhões de espectadores e 11,6 milhões de euros de receita de bilheteira, até 31 de Maio, ocupando uma quota de mercado de quase 46%.

A NOS Lusomundo Cinemas, que detém 214 (40,4%) das 530 salas portuguesas, mantinha, no final de Maio, a liderança na exibição, com 16,5 milhões de euros, resultantes de 2,6 milhões de bilhetes emitidos, o que representa 64% da quota de mercado do circuito comercial.