Sunak aposta na redução de impostos e no apoio à habitação para inverter as sondagens
Na apresentação do manifesto eleitoral do Partido Conservador, o primeiro-ministro britânico promete reduzir a carga fiscal em cerca de um por cento do PIB a cada ano.
- Sondagem: Partido Trabalhista pode alcançar maioria de quase 200 deputados no Reino Unido
- Sunak pede desculpa por ter saído mais cedo das cerimónias do Dia D para voltar à campanha
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, promete cortar milhares de milhões de libras em impostos e ajudar a compra da primeira habitação se ganhar as eleições de 4 de Julho, apostando tudo na apresentação do manifesto do Partido Conservador para tentar inverter as tendências desfavoráveis.
Com as sondagens a mostrar que os Conservadores estão constantemente cerca de 20 pontos atrás do Partido Trabalhista de Keir Starmer, Sunak intensificou o seu argumento de que a oposição iria fazer descarrilar a recuperação económica caso viesse a formar governo.
Sunak escolheu a pista de Fórmula 1 de Silverstone, no centro de Inglaterra, para tentar colocar-se na pole position da redução de impostos, garantindo que as promessas políticas contidas no manifesto eleitoral do seu Partido Conservador reduziriam a carga fiscal em cerca de um ponto percentual da produção económica em cada ano, em comparação com as previsões apresentadas no último orçamento.
A carga fiscal britânica atingiu o seu nível mais elevado em termos de percentagem do PIB desde o período imediatamente a seguir à Segunda Guerra Mundial, à medida que Sunak e o ministro das Finanças, Jeremy Hunt, tentavam reparar o impacto da pandemia de covid-19 nas finanças públicas e o aumento do preço da energia.
Ao lançar o manifesto do partido, que contém as políticas que este irá seguir se formar o próximo governo, Sunak disse que iria baixar os impostos sobre os salários e abolir a taxa principal para os trabalhadores independentes até ao final da próxima legislatura. "Vamos permitir que os trabalhadores fiquem com mais do dinheiro que ganham, porque o ganharam e têm o direito de escolher em que o gastam", disse.
De acordo com os planos dos conservadores, os impostos seriam reduzidos em 17,2 mil milhões de libras por ano até 2029/30, enquanto as despesas com a segurança social seriam reduzidas em 12 mil milhões de libras. Por outro lado, seriam recuperados por ano seis mil milhões de libras através da luta contra a evasão e a fraude fiscais.
No passado, as promessas de reduzir a factura da segurança social em montantes semelhantes – nomeadamente pelo antigo ministro das Finanças George Osborne em 2015 – não se concretizaram.
Sunak prometeu também reduzir para metade o número de emigrantes, construir mais casas e prestar apoio financeiro aos compradores de primeira habitação.
Grande desvantagem eleitoral
Até à apresentação do manifesto, a mensagem de Sunak não tem conseguido afectar a liderança dos trabalhistas, com muitos eleitores a perguntarem porque é que o partido não fez mais durante os seus 14 anos no poder.
Os conservadores também enfrentam agora o desafio do partido de direita Reform UK, que, sob a liderança do activista do Brexit Nigel Farage, prometeu liderar uma "revolta" contra os conservadores.
Sunak tem estado em maus lençóis desde que abandonou mais cedo as comemorações do Dia D em França para dar uma entrevista eleitoral, irritando os veteranos e levando membros do seu próprio partido a questionar as suas capacidades. Desde então, tem-se desculpado repetidamente.
Na apresentação do manifesto, Sunak argumentou que, após anos de turbulência desde a pandemia e os picos de preços da energia, a economia está num ponto de viragem e a começar a crescer novamente, considerando que os trabalhistas iriam prejudicar qualquer recuperação.
Tal como em eleições anteriores, os conservadores afirmam que só eles são fiáveis para manter os impostos baixos, enquanto os trabalhistas teriam de aumentar as taxas para financiar as suas promessas, travando o crescimento económico. O Partido Trabalhista nega, porém, que vá aumentar qualquer imposto, seja sobre o rendimento, sobre o valor acrescentado ou sobre as sociedades, nem mesmo as contribuições para a segurança social.
Certo é que as anteriores reduções de impostos do Governo de Sunak também não lhe trouxeram muitas vantagens e as sondagens mostram que muitos eleitores querem mudanças e um maior investimento nos serviços públicos.
O país ainda se debate com um aumento de 21% nos preços nos últimos três anos e com as consequências do mandato caótico da antecessora de Sunak, Liz Truss, cuja política económica levou ao aumento dos custos dos empréstimos e das taxas de juro das hipotecas.