Corte na via rápida da Costa de Caparica a partir das 22h desta terça-feira

O corte do trânsito deve-se a trabalhos de alargamento da via, de acordo com a Autoestradas do Baixo Tejo. Os percursos alternativos vão estar devidamente sinalizados.

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O IC20 regista anualmente um tráfego médio diário superior a 60 mil veículos Luís Filipe Catarino/Câmara Municipal de Almada
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O Itinerário Complementar (IC) 20 Via Rápida da Caparica vai estar cortado no nó de Casas Velhas, no sentido Costa de Caparica-Lisboa, entre as 22h desta terça-feira e as 6h de quarta-feira, avisou a empresa responsável.

Segundo a Auto-Estradas do Baixo Tejo (AEBT), aquele corte do trânsito deve-se a trabalhos de alargamento da via. Em comunicado, a empresa subconcessionária da Infra-Estruturas de Portugal (IP), responsável pela gestão do IC20, indicou ainda que, na noite de quarta para quinta-feira, a ligação do nó do Hospital Garcia de Orta ao IC20, para quem vai em direcção a Almada ou Lisboa, "será encerrada por tempo indeterminado". "A alternativa é continuar até à rotunda da Sobreda e apanhar a saída para o IC20 em direcção a Almada", no distrito de Setúbal, aconselhou a AEBT.

Os percursos alternativos a estes condicionamentos de trânsito no IC20 vão estar devidamente sinalizados, referiu a empresa concessionária, agradecendo a colaboração e compreensão dos utilizadores desta via.

No final de Setembro de 2023, um grupo de cidadãos, com o apoio de especialistas na temática urbana, anunciou o lançamento de uma petição contra o aumento do número de vias do IC20, conhecida por via rápida da Costa de Caparica. Actualmente, essa petição conta com 2830 assinaturas, segundo informação do site Petição Pública.

A estrada que liga Almada à Costa de Caparica vai passar a ter quatro vias de trânsito em cada sentido, obra prevista decorrer entre Outubro de 2023 e Maio de 2025. A informação foi avançada por um representante da empresa AEBT durante a reunião da Câmara Municipal de Almada, no distrito de Setúbal, em 18 de Setembro de 2023, explicando que a obra terá de ser realizada para dar cumprimento a uma obrigação do contrato que prevê que, quando atingisse determinado limite de fluxo diário de circulação, teria de ser feito um aumento no número de vias.

60 mil veículos por dia

O IC20 regista anualmente um tráfego médio diário superior a 60 mil veículos. A petição, que começou a circular no dia 22 de Setembro, Dia Europeu sem Carros, tem como subscritores o Centro de Arqueologia de Almada, o movimento Estrada Viva, a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (Geota), a Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi), Mulheres na Arquitectura, a QUERCUS e ainda a comunidade local Estuário Colectivo.

Os signatários referiram que a população foi surpreendida com a informação de que a obra é um compromisso que resulta de um contrato caducado, que deveria já ter sido renegociado pelo Estado junto da concessionária Baixo Tejo, de modo a ir ao encontro daquilo que são os objectivos estabelecidos a nível ambiental. Após análise ao contrato de concessão com a Baixo Tejo, o grupo defendeu que a IP deve dar instruções à subconcessionária de que não é necessário aumentar o número de vias.

"Sublinha-se que o investimento financeiro nesta obra por parte da subconcessionária é indirectamente dinheiro público", frisou o grupo, acrescentando que, se o Estado renegociar o contrato com a concessionária, "poderá recuperar o dinheiro" que irá desperdiçar "numa obra perfeitamente inútil e contra os objectivos ambientais do próprio governo". Os peticionários contestaram a obra por ser contra a estratégia climática nacional, não resolver a questão do congestionamento (criando o chamado "tráfico induzido" e bottleneck) e promover a dispersão urbana.

Em alternativa sugeriram o aumento das faixas bus, com a melhoria da frequência, qualidade e extensão de transportes públicos e a criação de mais e melhores infra-estruturas para mobilidade suave, como novas passagens ciclopedonais elevadas que reduzam o impacto negativo de barreira geográfica deste tipo de vias e a adaptação dos viadutos existentes de modo a incluir vias pedonais e ciclovias seguras.