Vinhos de Portugal no Brasil: Um “evento muito feliz” num país com “um potencial enorme”

Depois do sucesso no Rio de Janeiro, o evento segue para o Pavilhão da Bienal no Parque do Ibirapurea, em São Paulo, onde arranca no dia 13 e fica até 15.

Vinhos de Portugal no Rio, a festa. Próxima paragem: São Paulo
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Vinhos de Portugal no Rio, a festa. Próxima paragem: São Paulo FáBIO CORDEIRO
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Pedro Baptista, o enólogo do Pêra Manca EDUARDO UZAL?
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Manuel Carvalho, o crítico de vinhos do PÚBLICO, no espaço Tomar um Copo FABIO CORDEIRO
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Daniel Niepoort veio ao evento pela primeira vez EDUARDO UZAL
,Vinho de sobremesa
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A "sommelière" de origem argentina Cecília Aldaz EDUARDO UZAL
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O critico brasileiro Jorge Lucki EDUARDO UZAL,EDUARDO UZAL
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Entre provas e conversas, há muita animação FABIO CORDEIRO
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O público brasileiro tem um interesse crescente pelo vinho português FABIO CORDEIRO
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“Estou a ver muitas pessoas a beber vinho, não é só provar, mas também beber, a curtir. É um evento muito feliz.” Foi assim que Daniel Niepoort, um dos cerca de 90 produtores que vieram até ao Brasil para o Vinhos de Portugal, resumiu a primeira impressão no arranque desta festa do vinho organizada pelos jornais PÚBLICO, de Portugal, O Globo e Valor Económico, no Brasil, em parceria coma ViniPortugal e curadoria da Out of Paper.

Domingo foi o último dos três dias desta 11.ª edição do Vinhos de Portugal no Rio e os produtores e enólogos estão já a fazer as malas para partir para São Paulo, preparando-se para mais três dias – de 13 a 15 – de muitos contactos com profissionais do sector e consumidores finais no Salão de Degustação, provas com críticos portugueses e brasileiros e muitas conversas informais (chamadas Tomar um Copo) que no Rio estiveram sempre cheias de gente que queria aprender mais sobre os vinhos portugueses e também sobre os destinos de enoturismo que o país tem para oferecer.

E se no Rio o enquadramento foi o lindíssimo cenário do Jockey Club, em São Paulo será, pela primeira vez, o Pavilhão da Bienal (ou Ciccillo Matarazzo) no Parque do Ibirapuera. Será no espaço desenhado pelo arquitecto Oscar Niemeyer que os brasileiros irão descobrir, redescobrir ou aprofundar o seu conhecimento sobre o vinho das várias regiões de Portugal. E, em muitos casos, reencontrar os produtores, enólogos e críticos como se fossem velhos amigos que têm encontro marcado uma vez por ano.

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Uma enchente no Jockey Club do Rio FABIO CORDEIRO

Daniel Niepoort, que é um dos estreantes no evento (e que nunca tinha visitado o Brasil), conta que muitos dos que o procuram no stand do Salão de Degustação estavam curiosos com o conceito de field blend, a mistura de castas na vinha. “O que é que são as castas, são mesmo assim tantas? E como é que isso funciona? Essa foi a pergunta número um.”

Pedro Ribeiro, da Herdade do Rocim, é outro dos que veio pessoalmente ao Vinhos de Portugal pela primeira vez. “O Rocim já estava presente nos outros anos, mas eu não e achei que este ano não podia ficar de fora”, explica. Está impressionado com a quantidade de gente que o evento atrai e com o nível de conhecimento que este público já revela. “No Rocim temos sempre o tema dos vinhos de talha. São vinhos muito singulares e os que as pessoas têm mais curiosidade de provar.”

“Grande potencial” – é esta a expressão que se ouve repetir a todos os produtores presentes e Pedro Ribeiro não é excepção. “Neste momento o Brasil é o nosso quinto ou sexto mercado, mas com um potencial de crescimento muito grande. Sentimos muito isso, pelo que temos aumentado o foco aqui nos últimos dois ou três anos.” Os resultados deste trabalho reflectem-se, entre outras coisas, no número crescente de brasileiros que visita o Rocim – são, a par dos americanos, o maior grupo.

No exterior, atravessando a Área de Convivência, junto à loja de vinhos, encontramos Sílvia Canas da Costa, da Quinta da Lapa. Também ela pertence ao grupo dos que se estreiam em pessoa este ano no evento. “Tivemos um bom feedback no ano passado e achei que seria interessante vir.” Está muito satisfeita com o resultado da sessão para profissionais, que abriu o evento no primeiro dia, sexta-feira, 7. “Neste momento, para nós é mais importante trabalhar os profissionais, a distribuição”, explica.

“O Brasil é muito grande, nós temos um distribuidor no Sul mas ainda não estamos tão espalhados como queríamos.” É um trabalho que se vai fazendo a pouco e pouco, até porque “a carga dos impostos aqui é muito alta” e isso torna o vinho português menos competitivo relativamente aos seus concorrentes directos, o Chile e a Argentina. Mas o interesse que o público demonstra é, para Sílvia, sinal de que vale a pena continuar esta aposta.

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O master of wine Dirceu Vianna Junior EDUARDO UZAL

Sem mãos a medir, António Maçanita desdobra-se em participações nas provas principais – que são dirigidas pelos críticos Jorge Lucki e a sommelière argentina a viver no Brasil Cecília Aldaz, pelo master of wine brasileiro Dirceu Vianna Junior, e pelo crítico português do PÚBLICO Manuel Carvalho – em entrevistas, em conversas no Salão de Degustação. Vida de estreante no evento é assim mesmo, sobretudo porque o seu nome já é conhecido no Brasil e há uma vontade grande de o ouvir falar sobre o trabalho que faz em diferentes regiões de Portugal, nomeadamente os Açores.

“Há uma abertura enorme”, diz. “Primeiro, porque este já é um público muito seleccionado, interessado em vinhos, interessado em Portugal, que gosta de cultura, de gastronomia, muitos visitaram ou querem voltar a visitar Portugal, não estão a olhar para o vinho só como produto, é como produto ligado a cultura. O vinho Laranja Mecânica, por exemplo, que tem um perfil diferente. Há uma abertura enorme e muito sucesso. É um público descomplexado, com muita facilidade para o sorriso – com o nosso A Touriga Vai Nua, por exemplo.”

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O produtor Luís Pato é sempre uma das figuras mais populares do evento FABIO CORDEIRO

Há dez anos que não vinha ao Brasil e surpreendeu-o a enorme mudança que encontrou no público brasileiro. Se a base do palato dos brasileiros ainda é “álcool, madeira, muita concentração”, há por outro lado “uma abertura enorme para experimentar” e, em particular, “uma aceitação enorme dos Açores, qualquer pessoa que prova Açores diz 'uau, adoro'.”

Até agora, a aposta no Brasil não tinha sido muito grande, confessa. “Nunca fui para os tradicionais mercados do vinho português, onde o espaço já estava ocupado pelas grandes marcas, o Esporão, a Cartuxa, e éramos sempre um produtor de terceira ou de quarta opção.” Preferia mercados onde pudesse começar do zero. Mas, admite, “sempre tive vontade que fosse o Brasil” e, regressa a frase mais repetida por estes dias, “acho que há aqui um potencial enorme, enorme”.

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Vinhos de Portugal no Rio EDUARDO UZAL

O Vinhos de Portugal 2024 tem a participação do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, o apoio das Comissões de Vinhos do Alentejo, Beira Interior, Dão, Lisboa, Península de Setúbal, Tejo, Vinhos Verdes e da Agência Regional de Promoção Turística Centro de Portugal, Turismo de Portugal, TAP, AB Gotland Volvo. A água oficial é a Pratas, o hotel o Fairmont Rio, o local oficial é o Jockey Club Brasileiro, a rádio é a CBN. A edição em São Paulo conta ainda com a Cidade de São Paulo como anfitriã e tem o apoio institucional de SP Negócios.

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