Palheta Bendita chega à 18.ª edição com o fôlego das gaitas e muitas outras músicas

Festival reúne em Santo Tirso, de 14 a 16 de Junho, músicos de vários países, juntando às gaitas-de-foles outras expressões musicais, na feira de construtores e em nove concertos.

Foto
Um dos concertos da edição de 2023 Yasmine Moradalizadeh
Ouça este artigo
00:00
04:45

Foi em 2005 que o Festival Palheta Bendita deu os primeiros passos, no Parque de Geão, em Santo Tirso, chegando em 2024 à sua 18.ª edição em 20 anos com um saber acumulado que lhe permite lidar melhor com o espaço, os músicos e o público. E se nas edições anteriores havia palestras lado a lado com a habitual feira de construtores e os concertos, este ano a estratégia mudou, por razões que Napoleão Ribeiro, director do festival, explica ao PÚBLICO: “A vertente das oficinas e das palestras, para um público mais específico, ganhou um outro evento que começámos a organizar em Dezembro. Chamámos-lhe Encontros do Moinho e fizemo-lo no Inverno, porque percebemos que no Verão vêm menos músicos, porque andam todos a tocar.”

Mas é a época em que acorre mais público. Por isso, dirigindo-se tais encontros a um público especializado, isso não anula a existência, no Verão, das oficinas de experimentação. Daí que, no programa deste ano, nas tardes de sábado e domingo, haja oficinas de sanfona, gaita-de-fole, combo de percussões tunisinas, portuguesas e galegas e toques de bombo de treboadas galegas e zés-pereiras e construção de cabeçudos, esta última destinada a um público mais infantil.

A programação deste ano inclui, como é habitual, a Feira de Construtores, que se mantém do primeiro ao último dia, sempre no Parque de Geão, com os seguintes horários: 14 de Junho, das 18h às 21h30; dia 15, das 14h30 às 21h30; e dia 16 da 11h00 às 18h30. Quanto aos concertos, todos eles no Palco dos Gansos, começam na sexta-feira, dia 14, às 21h, com o projecto DoBaú, com Quiné Teles (percussão e voz), Catarina Silva (voz) e Luís Peixoto (cordofones), seguindo-se Amine Ayadi, gaiteiro da Tunísia (22h30) e a banda italiana Mascarimiri (00h00) fechando a noite com um DJ SET no Carpe Diem Bar.

Foto
Mascarimiri (Itália) DR

No dia 15, os concertos começam mais cedo, às 19h, com Juraj DuFek, da Eslováquia (gaita-de-foles), seguindo-se, às 21h os Tarwa N-Tiniri, de Marrocos, os portugueses Retimbrar às 22h30 e os Fanfara Station (Tunísia, EUA e Itália) às 00h00. No domingo, começam com os CRASSH_DuoCircus (que convidam a CAID), às 15h, seguidos do grupo português Colmeia, estes no encerramento, às 17h.

Foto
Os gaiteiros Amine Ayadi (Tunísia) e Juraj DuFek (Eslováquia) DR

Das gaitas a todo o resto

“Temos sempre um ponto de partida: que é a gaita-de-fole como instrumento universal, da Europa Atlântica e do Mediterrâneo”, recorda Napoleão Ribeiro. “Este ano, por exemplo, temos o Amine Ayadi, um músico muito conhecido na Tunísia, que toca a mezoued, que é a gaita-de-fole do Magrebe. O outro é o Juraj DuFek, da Eslováquia, que toca gajdy, a gaita-de-fole de lá. E na Eslováquia há uma tradição de cada construtor fazer inovações. O Juraj era engenheiro mecânico, dedicou-se à construção das gaitas-de-fole, tornou-se um grande construtor e irá estar também na feira deste ano.” Porque a feira de construtores, elemento constante de todas as edições, “é muito importante”, sublinha: “Este ano vamos ter gente da Galiza, de Portugal, da Áustria e da Eslováquia e é interessante ver esta mostra, que é uma das essências do festival.”

Foto
Tarwa N-Tiniri (Marrocos) e Fanfara Station (Tunísia, EUA e Itália) DR

Falando dos concertos da programação deste ano, Napoleão Ribeiro destaca as outras escolhas: “O Quiné Teles é um percussionista muito bom e as lengalengas em que ele pega, até para aprendizagem de percussões, eram uma coisa que se usava muito antigamente como mnemónicas para decorar ritmos. Os Mascarini são uma banda italiana, óptima representante da música cigana em Itália, que trabalha na fusão da música pizzica com o electro folk. Os Tarwa N-Tiniri, de Marrocos, vêm de uma cidade a sul de Marraquexe [Ouarzazate] e parecem-me uns óptimos representantes da música berbere. Depois temos a energia dos Retimbrar, que têm evoluído muito para o espectáculo e dos quais gostamos muito, além de serem nossos amigos; e temos a Fanfara Station, uma banda multinacional que é indicada para fechar, porque misturam muito a electrónica com o folk e vão ao encontro dos gostos do público para o final dos concertos.”

Foto
Colmeia (Portugal), no encerramento DR

O encerramento, no dia 16 de Junho, será também uma ocasião muito especial, diz Napoleão: “No domingo, vamos abrir com os CRASSH_DuoCircus, que vão ter a participação da CAID (Cooperativa de Apoio à Integração do Deficiente) de Santo Tirso. Porque queremos que eles se sintam integrados no festival e depois possam assistir ao concerto final. O CRASSH_DuoCircus tem muito trabalho feito em termos de projectos colectivos, estão também ligados ao Colectivo Espaço Invisível, e essa experiência é bastante importante. Depois, a fechar, temos os Colmeia, uma banda de gente ligada ao GEFAC de Coimbra, de onde vem o Quiné. São miúdos mais novos, navegam na música tradicional de um modo diferente e são habitués do festival.”

Sugerir correcção
Comentar