Constância pede apoios ao Governo para abrir casa “digna da memória de Camões”

Câmara lamenta que o projecto Casa-Memória se arraste há 50 anos sem nunca ter tido condições para estar aberto ao público e a funcionar de modo continuado.

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A esfera armilar na Casa-Memória de Camões em Constância MIGUEL MADEIRA
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A Câmara de Constância reivindicou esta segunda-feira apoios do Estado para "abrir em Portugal uma casa digna da memória de Camões", pedido secundado pela direcção da Associação Casa-Memória de Camões, no âmbito das comemorações dos 500 anos do nascimento do poeta.

"Neste momento, temos uma Casa-Memória construída e a única coisa que falta é dotá-la de recursos financeiros e humanos para poder funcionar de forma permanente", disse à Lusa o presidente da câmara local, Sérgio Oliveira (PS), notando que, "sozinhas, a autarquia e a entidades locais não conseguem".

"Estas comemorações de Camões permitiram reafirmar Constância como a terra mais camoniana de Portugal, e projectar o nosso concelho a nível nacional e internacional", afirmou Sérgio Oliveira, reivindicando apoios do Governo para a "abertura permanente" da Casa-Memória de Camões.

"No dia em que o projecto de Camões em Constância esteja completo, ou, melhor dizendo, reafirmado, porque o projecto de Camões é dinâmico e nunca estará fechado, a afirmação do concelho será muito maior. E o reafirmar deste projecto faz-se com a abertura de forma permanente da Casa Memória de Camões. No dia em que esta concretização se realize, Constância passará a ser o centro nacional e internacional para o estudo e o aprofundamento de Camões", vincou o autarca.

A Casa Memória de Camões começou a ser pensada e construída há 50 anos, mas até hoje nunca foi aberta ao público e aos turistas, com actividades regulares, a exemplo do que sucede em outros países, com outras figuras históricas, como em Espanha, com a casa de Cervantes, ou em Inglaterra, com a casa de Shakespeare, o que Sérgio Oliveira lamenta.

Sobre as ruínas que o povo aponta como tendo sido as da casa que o acolheu, foi erguida a Casa-Memória de Camões para perpetuar a memória do poeta na vila ribatejana.

Constância assinalou os 500 anos do nascimento de Camões com a deposição de uma coroa de flores junto à estátua do poeta e uma recriação histórica no âmbito das Pomonas Camonianas, com o parque de merendas, na zona ribeirinha, transformado num imenso mercado quinhentista, retratando a época em que viveu o poeta, envolvendo a população, a comunidade escolar e as associações do concelho.

Em Constância, existem ainda o Monumento a Camões do mestre Lagoa Henriques e o Jardim-Horto Camoniano, desenhado pelo arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, que apresenta a maior parte das plantas referidas por Camões na sua obra e é considerado um dos mais vivos e singulares monumentos erguidos no mundo a um poeta.

Sérgio Oliveira disse que "teria todo o significado que o Ministério da Cultura tivesse aqui um olhar especial e que fosse quando se assinalam os 500 anos do nascimento de Camões que esta casa fosse dotada daquilo que é fundamental para estar a funcionar", com abertura diária, a par de actividades regulares de estudo e investigação, defendeu.