O ensino de Camões continua refém da sua “versão oficial”

Nas escolas, continua a estudar-se Os Lusíadas como “um panegírico, um elogio, um louvor à pátria”. Mas os alunos questionam cada vez mais a visão “antiquada e enviesada” sobre a obra — e a história.

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Para estes alunos, o contexto da obra de Camões e da história deve ser mais explorado nas aulas Rui Gaudêncio
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Há desenhos na biblioteca da escola de deuses e Tágides, de caravelas e tempestades, de reis e súbditos e retratos de Camões. Vários exemplares d’Os Lusíadas estão expostos pelo espaço. Por ali, na Escola Secundárias Josefa de Óbidos, em Lisboa, não se quis deixar passar em branco os 500 anos do nascimento do poeta. Da biblioteca à aula de Português, a professora desafiou os alunos a olhar para a obra de Camões e a construírem eles próprios outros versos, outras estrofes, outros poemas. E eles aproveitaram para fazer da obra centenária o que dela quiseram. Gonçalo Pulido e mais algumas colegas começaram com Os Lusíadas, mandaram calar “Alexandre e Trajano, o Grego e o Troiano” para cantar não os portugueses, mas o próprio poeta. Seguiram pela Esparsa sua ao descontentamento do mundo, até ao Mar Português, de Fernando Pessoa. “Construímos aqui dois versos. O resto foi tudo apanhado de poemas.”

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