Benny Gantz anuncia a sua demissão do governo de Israel

Benny Gantz é um dos principais rivais de Netanyahu

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Benny Gantz durante uma conferência de imprensa REUTERS/Nir Elias
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O ministro do Gabinete de Guerra de Israel, Benny Gantz, anunciou a sua demissão numa conferência de imprensa realizada no domingo. “Netanyahu está a impedir-nos de avançar para uma verdadeira vitória”, afirmou. “Por esta razão, deixamos hoje o governo de emergência, com o coração pesado, mas de todo o coração", disse. A decisão obrigará o primeiro-ministro israelita a aproximar-se ainda mais da facção mais radical que sustenta o seu governo.

A conferência de imprensa estava originalmente agendada para ontem, mas depois da operação de resgate, que resultou na recuperação de quatro reféns que estavam em Gaza desde 7 de Outubro, realizou-se na noite deste domingo. Gantz apelou a Netanyahu para que marcasse uma data para as eleições, acrescentando: “Não deixes que a nossa nação se desfaça.” Em Maio, Benny Gantz exigiu que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se comprometesse com uma visão consensual para o conflito de Gaza que inclua a estipulação de quem poderá governar o território após a guerra com o Hamas.

Gantz tinha feito ainda exigências sobre mais cinco pontos: o regresso dos reféns; o derrube do Hamas e a desmilitarização de Gaza; o regresso dos residentes do Norte de Israel às suas casas; o avanço da normalização com a Arábia Saudita; e a adopção de um esquema para o serviço militar ou nacional para todos os cidadãos israelitas.

O acordo para o regresso dos reféns a Gaza era mesmo um dos pontos de maior clivagem entre o ministro demissionário e o primeiro-ministro de Israel. Pouco depois do anúncio, Netanyahu publicou na rede social X que ainda "não era altura de desistir" e que a sua porta estava aberta aos partidos políticos que quisessem ajudar a vencer a guerra.

O líder da oposição israelita, Yair Lapid, também já reagiu à decisão de Benny Gantz, apelando ao fim do governo que sustenta Netanyahu. “Chegou o momento de substituir este governo extremista e imprudente por um governo sensato que conduza ao regresso da segurança aos cidadãos de Israel, ao regresso dos reféns, à restauração da economia e do estatuto internacional de Israel”, disse, citado pelo jornal The Guardian.

"A bola de neve começou a rolar"

Com a saída de Gantz, escreve o diário israelita Haaretz, é provável que o gabinete de guerra, criado na sequência do ataque de 7 de Outubro, se dissolva. Gantz, do Partido da Resiliência de Israel, era um dos três membros votantes do gabinete de guerra, juntamente com Netanyahu e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, ambos membros do partido Likud. No seu anúncio, Gantz apelou também a Gallant para que se demitisse.

“A bola de neve começou a rolar”, disse Gayil Talshir, cientista político da Universidade Hebraica, ao The Washington Post antes do anúncio. “A decisão de Gantz não vai acabar directamente com esta coligação [do governo], mas a coligação está a começar a desmoronar-se sobre si própria.”

Acredita-se, agora, que Netanyahu voltará ao modelo de gestão anterior, em que discute questões de segurança num fórum limitado antes de uma reunião regular do gabinete. Neste fórum, eram tomadas as decisões importantes, que Netanyahu, depois, tentaria que o Conselho de Ministros aprovasse.

O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, disse, entretanto, ao primeiro-ministro Netanyahu que vai exigir um lugar no Gabinete de Guerra após a demissão de Benny Gantz do governo. Itamar Ben-Gvir tem-se distinguido por querer fazer regressar os colonatos a Gaza e pretender expulsar todos os palestinianos do enclave. Trata-se, assim, de um primeiro sinal da maior dependência de que Netanyahu vai ficar dos elementos mais radicais do seu governo, perdendo agora uma das figuras mais moderadas e um elemento importante em questões de diplomacia, nomeadamente nas relações com os EUA.

Desde que aderiu à coligação, os responsáveis norte-americanos consideram o ministro Benny Gantz o seu interlocutor privilegiado no seio do gabinete de guerra. Gantz informou mesmo a Casa Branca dos seus planos de se demitir do governo de emergência há vários dias e pediu a sua opinião, segundo um funcionário, em declarações ao Haaretz. Ainda em termos internacionais, a provável aproximação de Netanyahu a elementos mais radicais levanta ainda questões sobre o que pode acontecer na crescente tensão entre Israel e o Hezbollah no Líbano.

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