Europeias 2024
Uma eleição europeia, ou 27 eleições nacionais?
Num momento de crise, com uma guerra de agressão nas suas fronteiras de cujo desfecho depende, em larga medida, o futuro do projecto político de integração da União Europeia, seria de esperar que as questões ligadas à segurança e defesa estivessem no topo do debate das eleições para o Parlamento Europeu. Mas uma volta pelas campanhas nos 27 Estados-membros mostra que a tentação para nacionalizar os temas, e os termos, da discussão política continua a ser irresistível
ALEMANHA
Um aviso ao Governo de Scholz
Na Alemanha, o resultado das europeias deverá ser um clássico aviso ao Governo: o principal partido da oposição, a conservadora CDU/CSU, ficará num confortável primeiro lugar, com os radicais cada vez mais extremistas da Alternativa para a Alemanha (AfD) a disputarem o segundo lugar com o Partido Social Democrata (SPD) do chanceler, Olaf Scholz, e esperando-se quedas de votação para os seus parceiros de coligação Verdes, que tinham sido a estrela das últimas europeias, e os liberais.
O tema mais visível foi a guerra na Ucrânia e a posição de apoio alemão ao país invadido pela Rússia, com o chanceler a ser criticado por ser demasiado prudente pelos liberais ou demasiado ousado pela esquerda. Mas a campanha foi também marcada por violência contra candidatos e candidatas, a maioria contra políticos e políticas dos Verdes (mas também da esquerda e centro-esquerda), vindos de extremistas de direita, algo a que não será alheia a presença da AfD e a sua retórica de apenas o partido representar “o povo”. Apesar dos escândalos de proximidade com a Rússia e a China, a AfD (entretanto expulsa do seu grupo, o ID) poderá ter uma representação significativa no Parlamento Europeu graças ao resultado e ao grande número de eurodeputados da Alemanha no hemiciclo europeu.
ÁUSTRIA
Direita radical em vantagem
O Partido da Liberdade (FPÖ), de direita radical, deverá ficar em primeiro lugar, segundo as sondagens, pela primeira vez numas europeias – mais, poderá ainda ser o mais votado nas legislativas seguintes, no Outono. Isto apesar de estar a extremar-se cada vez mais, e além das já conhecidas posições pró-russas e suspeitas de colaboração com Putin.
BÉLGICA
Maratona eleitoral com o país dividido
A eleição de um novo Parlamento Europeu não é o grande motivo de interesse da votação deste domingo: os belgas também vão escolher candidatos e partidos para os seus governos e parlamentos federal e regionais, com as sondagens a confirmarem a divisão do país em dois blocos verdadeiramente antagónicos. Na região da Flandres, dominam as forças nacionalistas e de direita radical, com o partido separatista e anti-imigração Vlaams Belang (bancada do ID) a prevalecer sobre o mais “estabelecido” NVA (bancada do ECR), podendo tornar-se a maior força do parlamento nacional. Já na Valónia, mantém-se uma “coutada” do centro-esquerda, com o Partido Socialista à frente e o Movimento Reformador logo atrás. Um resultado que eleva o grau de dificuldade do processo de formação de Governo, em Bruxelas, e poderá incentivar o actual primeiro-ministro, Alexander De Croo, a seguir o exemplo de outros antes dele, e nomear-se a si próprio para um cargo europeu. Depois do antigo primeiro-ministro e actual presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, ter desistido de concorrer por um lugar de eurodeputado, será Sophie Wilmès que manterá a tradição belga de enviar um antigo chefe do Governo para o Parlamento Europeu.
BULGÁRIA
Com a sexta eleição em três anos, búlgaros anseiam por estabilidade
Depois de cinco eleições legislativas em menos de três anos, os búlgaros regressam às urnas na esperança de pôr fim à instabilidade política no país. Com as atenções concentradas no Governo de Sofia, os temas europeus estiveram totalmente ausentes da campanha eleitoral – onde mesmo os temas nacionais relacionados com a UE, como a adesão ao euro e a integração plena no Espaço Schengen, foram relegados para segundo plano. A nível nacional, as sondagens apontam para a reabilitação do partido GERB do sobrevivente Boyko Borisov, que também lidera nas intenções de voto para o Parlamento Europeu. O partido de extrema-direita pró-russo Vazrazhdane está na disputa pelo segundo lugar com a coligação de centro-direita PP-DB.
CHIPRE
O medo das “alterações demográficas”
Na rota de todas as migrações está o Chipre, um país que já teve de declarar estado de emergência face ao afluxo de refugiados sírios, pelo que o tema é incontornável também nestas eleições. Os centros de acolhimento de refugiados e migrantes estão cheios e os 7% desta população alimentam a retórica anti-imigrante da Frente Nacional Popular (ELAM), populista, que deverá ficar em terceiro lugar, castigando as duas principais forças políticas, o Partido Progressista do Povo Trabalhador (AKEL) e o Rally Democrático (DYSI).
CROÁCIA
Oposição pede cartão amarelo para coligação com direita radical
A campanha das europeias foi uma espécie de “prolongamento” das legislativas de 17 de Abril, com as questões relacionadas com a situação da economia, a recuperação da crise e a melhoria das condições de vida, e ainda a estabilidade política, a dominarem o debate. Uma vez que a credibilidade das instituições comunitárias suplanta a dos organismos nacionais, para os croatas, os partidos vão querer usar os resultados da votação para o Parlamento Europeu para aumentar a sua legitimidade interna, sobretudo os do centro e da esquerda mais moderada, que estão a pedir aos eleitores que mostrem um cartão amarelo ao primeiro-ministro, Andrej Plenkovic, depois da sua coligação com a direita radical para formar Governo.
DINAMARCA
Mette Frederiksen a caminho de Bruxelas?
Defesa e segurança, combate às alterações climáticas e imigração foram os tópicos em torno dos quais andou a campanha dos partidos dinamarqueses. O resultado das eleições pode alterar a dinâmica e o equilíbrio político do Governo de coligação, e projectar a primeira-ministra, Mette Frederiksen, para Bruxelas: o seu nome faz parte da lista dos candidatos socialistas à presidência do Conselho Europeu e, para a opinião pública dinamarquesa, a sua nomeação é um facto consumado. A própria insistiu, em entrevista ao Politiken, que “já disse muitas vezes” não estar interessada no cargo, mas as suas declarações a favor do reforço do orçamento comunitário ou da possível emissão de dívida conjunta só vieram dar mais força à tese.
ESLOVÁQUIA
A sombra do ataque contra Fico
A campanha na Eslováquia está a ser feita à sombra do ataque contra o primeiro-ministro Robert Fico, cujo partido estava em segundo lugar nas sondagens, mas que poderá ganhar votos após o ataque. O Governo tem levado a cabo medidas que causam preocupação sobre o Estado de direito no país.
ESLOVÉNIA
Três referendos para combater a abstenção
Num país onde, há dois anos, um desconhecido democrata derrotou um populista de direita admirador de Trump e Orbán, os eslovenos vão às urnas por quatro motivos diferentes: a eutanásia, o consumo de canábis, o voto preferencial e a escolha dos representantes europeus. Fazer três referendos nacionais foi a forma que o Partido da Liberdade, no Governo, encontrou para combater a abstenção nas eleições europeias. Que não deixarão de ser vistas como uma avaliação ao primeiro-ministro Robert Golob.
ESPANHA
À sombra de nova crise política
Com as sondagens a darem a vitória ao Partido Popular, que pode duplicar a representação no Parlamento Europeu, o partido de Alberto Núñez Feijóo já admite desencadear uma nova crise política no país, caso o PSOE de Pedro Sánchez tenha um mau resultado eleitoral. No início da semana, Feijóo admitiu avançar com uma moção de censura ao Governo “no contexto certo” e caso entendesse que poderia ser “útil”, num momento em que avança a investigação judicial à mulher de Sánchez. Begoña Gómez vai ser ouvida a 5 de Julho como “investigada” (arguida) por suspeita de corrupção e tráfico de influências num processo que avançou, apesar de o Ministério Público ter considerado não haver indícios suficientes. Enquanto a direita aposta nas acusações de corrupção, os socialistas tentam tirar partido do reconhecimento do Estado da Palestina e da aprovação da lei da amnistia, a qual foi uma exigência dos partidos independentistas Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e Junts (de Carles Puigdemont) para viabilizarem o último Governo do socialista Pedro Sánchez, em Novembro passado.
ESTÓNIA
Kaja Kallas mais popular em Bruxelas do que em Talin
Num país que faz fronteira com a Rússia, as questões de segurança e defesa, ou a necessidade de a UE manter o seu apoio à Ucrânia contra a agressão da Rússia, são transversais a todos os partidos, pelo que a “diferenciação” durante a campanha se fez através da política nacional e das críticas ao Governo. A primeira-ministra Kaja Kallas, membro da família liberal, está na lista de candidatos a um cargo europeu, nomeadamente de alta representante para a Política Externa e de Segurança da UE.
FINLÂNDIA
A ameaça da Rússia domina a campanha
Nos inquéritos sobre as intenções de voto, ficou evidente qual é a principal preocupação dos eleitores finlandeses nestas europeias: o fortalecimento das capacidades de defesa em resposta à ameaça da Rússia, que já os tinha levado a abrir mão da neutralidade histórica e a aderir à NATO. A campanha mostrou um consenso nacional em torno da protecção da fronteira, mas fricções entre os partidos em relação a medidas para a protecção da natureza (especialmente as florestas). A votação deverá confirmar a viragem da Finlândia à direita, replicando os resultados das legislativas de 2023.
FRANÇA
Direita radical destacada em primeiro
Mais uma votação num grande país que terá uma forte componente interna. Isso mesmo foi visto até no grande debate da campanha, em que o candidato do partido de direita radical populista União Nacional (UN), Jordan Bardella, não foi confrontado pela cabeça de lista do partido do Presidente Emmanuel Macron (Renascimento) às europeias, Valérie Hayer, mas sim pelo primeiro-ministro, Gabriel Attal.
Esta eleição é importante para ambos já que, como escrevia o site Politico, a presidente da UN Marine Le Pen “quer usá-la para partir à frente para as presidenciais de 2027”, a quarta vez que tentará ser Presidente, e Emmanuel Macron “quer governar até lá”.
Além do desafio da direita radical populista, o Presidente lida com outro desafio, dos socialistas, cujo candidato Raphaël Glucksmann aparece nas sondagens com valores próximos do Renascimento.
Um resultado mau nas europeias será, aponta um texto da London School of Economics (LSE) sobre as europeias em França, “especialmente doloroso” para Macron, “que tem tentado apresentar-se como um líder verdadeiramente europeu”. E, resume a LSE, a incerteza estende-se à dimensão do bom resultado da União Nacional e do mau resultado do Renascimento.
GRÉCIA
Custo de vida domina sem prejudicar Governo
O partido conservador Nova Democracia, do primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, deverá ficar à frente numa campanha dominada pelo aumento do custo de vida – a Grécia, aponta o Politico, tem neste momento o segundo menor poder de compra em toda a União Europeia. Na extrema-direita, depois da proibição de um partido ligado à Aurora Dourada, surge a hipótese de eleição de eurodeputados pela Solução Grega.
HUNGRIA
Um desafio a Orbán
Na Hungria, a campanha é marcada pela emergência de um grande desafio ao primeiro-ministro Viktor Orbán dentro do seu próprio campo: Péter Magyar, ex-marido de Judit Varga, que foi ministra da Justiça e seria a cabeça de lista às europeias, e se dedicou agora a apontar o dedo à corrupção de Orbán. O partido de Magyar, o Tisza, está já sem segundo lugar nas sondagens para as europeias, num dia em que decorrem ainda eleições autárquicas no país.
IRLANDA
“Referendo” ao novo primeiro-ministro
A menos de um ano das próximas legislativas, as eleições europeias estão a ser vistas como uma espécie de referendo ao Taoiseach (primeiro-ministro) Simon Harris, do Fine Gael (PPE), que governa com o apoio dos liberais do Fianna Fáil, e um teste à popularidade do Sinn Féin (Esquerda), que as sondagens sugerem ter sofrido uma queda de última hora. Apesar da pressão migratória devido ao acolhimento de 100 mil ucranianos e um número crescente de refugiados que não conseguiram ficar no Reino Unido, foram a crise da habitação e o alto custo de vida que dominaram a campanha, apesar das tentativas da novíssima extrema-direita de “incendiar” os debates com suspeitas sobre os migrantes.
ITÁLIA
Simplesmente Giorgia
Não será exagero dizer que Giorgia Meloni é a grande protagonista destas eleições europeias, de uma forma ou de outra. Em Itália, a primeira-ministra e cabeça de lista dos Irmãos de Itália prepara-se para uma vitória retumbante (pode obter 23 dos 76 assentos nacionais no Parlamento Europeu, mais do dobro dos actuais dez que ocupa no grupo de direita radical ECR) e para infligir uma pesada derrota ao seu parceiro de Governo, o partido de extrema-direita Liga, de Matteo Salvini.
Em Bruxelas, conquistou o papel de kingmaker, sendo o seu apoio desejado tanto por Ursula von der Leyen, para continuar a presidir à Comissão Europeia, como por Marine Le Pen e Viktor Órban, que sonham com um grupo único ou uma coligação de direita radical que poderia tornar-se a segunda força política no Parlamento Europeu. Não por acaso, o seu lema eleitoral é "Com Giorgia, a Itália muda a Europa". O seu culto de personalidade cresce, dentro e fora de portas. E o apoio que tem dado à Ucrânia, ainda que divida os partidos mais radicais do grupo ID, tornou-a mais palatável aos moderados europeus. Até onde irão as ambições futuras?
LETÓNIA
Na Letónia, todos os partidos elegem
O antigo primeiro-ministro, Valdis Dombrovskis, tem garantida a sua eleição para o Parlamento Europeu, e consequentemente um terceiro mandato consecutivo na Comissão Europeia, numas eleições onde a dispersão de votos deverá permitir que os oito partidos no boletim de voto sejam recompensados com um lugar no hemiciclo. A incógnita é qual deles ficará com dois: os soberanistas da Aliança Nacional são os favoritos.
LITUÂNIA
Desilusão com o desempenho económico penaliza Governo
A votação para o Parlamento Europeu transformou-se num referendo ao desempenho do Governo de centro-direita em Vilnius, que, de acordo com as sondagens, será penalizado pelos eleitores. Apesar de a campanha ser dominada pelas questões de defesa e segurança, num país que tem fronteira com a Rússia, os socialistas conseguiram trazer a sua agenda económica e de direitos sociais para o debate, e lideram as sondagens.
LUXEMBURGO
Grande debate da campanha foi sobre a regra da unanimidade
Nicolas Schmit, comissário europeu do Emprego e Direitos Sociais, e cabeça de lista do Partido Socialista Europeu, não é candidato a um lugar de eurodeputado: as suas hipóteses de permanecer em Bruxelas, no próximo mandato, passam por conseguir fechar um acordo com o primeiro-ministro, Luc Frieden, que é membro do PPE – e já designou para comissário um deputado do seu partido. Porém, não seria um escândalo político se essa designação fosse revista após as europeias, sobretudo se Schmit negociar para si próprio uma vice-presidência e o apetecido portfolio dos Serviços Financeiros. Surpreendentemente, a eventual abolição da regra da unanimidade nas decisões de fiscalidade tornou-se o principal tópico político da campanha, depois de um candidato liberal admitir essa possibilidade numa entrevista.
MALTA
No país de Metsola, a corrupção (não) é tema
No mais pequeno Estado da UE, o resultado das eleições parece garantido: o Partido Trabalhista, que tem ganho todas as eleições desde 2008, aparece com uma vantagem de 13% sobre o Partido Nacionalista, de centro-direita, a que pertence a actual presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola. Apenas a sombra do antigo primeiro-ministro Joseph Muscat, acusado de uma extensa lista de crimes, poderia abalar a vitória trabalhista. Mas, em Malta, a corrupção não tem tido grande impacto no jogo político.
PAÍSES BAIXOS
Wilders pode ficar abaixo das suas expectativas
Como os Países Baixos votaram na quarta-feira (a origem é uma grande oposição de um sector protestante a votar ao domingo), as sondagens à boca das urnas deixaram o líder da direita radical populista Geert Wilders em segundo lugar, atrás da coligação do Partido Trabalhista com a Esquerda Verde, e não em primeiro. Wilders acabou de conseguir que o seu partido entrasse, pela primeira vez, num Governo a quatro, mesmo que a contrapartida tenha sido ele próprio ficar de fora, e está destacado nas sondagens nacionais. Não era claro se a extrema-direita de Thierry Baudet elegerá. Digno de nota também é a potencial conquista de um lugar para o Volt, o partido pan-europeu que no Parlamento cessante tem dois eurodeputados, um da Alemanha e uma da Bélgica.
POLÓNIA
Governo e oposição taco-a-taco
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, foi muito directo num comício em Varsóvia: votem se não querem ir à guerra. Com o país a fazer fronteira com a Ucrânia (e com a Bielorrússia), e a ter sido já visado em discursos de Putin, o tema é inevitável. O Partido Lei e Justiça (PiS), que ocupou o Governo até Dezembro do ano passado, levando a cabo reformas que puseram em causa o Estado de direito, também diz defender a Polónia contra a ameaça russa – mas aponta o dedo à “concorrência injusta” de agricultores ucranianos. Os dois partidos estão taco-a-taco nas sondagens, e a campanha foi ainda marcada por um aumento de ciberataques (num deles, piratas informáticos conseguiram publicar uma “notícia” falsa no site da agência polaca PAP dizendo que 200 mil reservistas polacos iriam ser mobilizados para combater na Ucrânia).
PORTUGAL
A segunda volta das legislativas
Três meses depois das legislativas que deram uma magra vitória à AD, as eleições europeias deverão confirmar o empate técnico entre os dois maiores partidos, bem como o crescimento exponencial do radical Chega. Se os socialistas esperam ganhar para dar uma lição de “humildade” ao Governo de direita, os social-democratas e centristas apostam na popularidade das primeiras medidas para se relegitimarem e tentarem ganhar fôlego até à próxima grande prova, que será o Orçamento do Estado para 2025.
Na última semana, o Governo de direita aprovou o Plano de Acção para as Migrações, tentando, de uma assentada, atirar ao anterior governo socialista, que deixara avolumar o problema da regularização de 400 mil estrangeiros, e esvaziar o discurso anti-imigração do Chega. Mas, no Parlamento, sofreu mais um revés, ao ver chumbada a sua proposta de redução do IRS e aprovada a dos socialistas.
O empate segue dentro de momentos. A grande incógnita para Portugal é mesmo saber se o ex-primeiro-ministro António Costa consegue ser o próximo presidente do Conselho Europeu – mas, para isso, os votos nacionais não contam nada.
REPÚBLICA CHECA
Um debate sobre um não-problema
Os serviços de contra-espionagem checos foram determinantes para a investigação e encerramento do Voz da Europa, um site pró-russo que entrevistava políticos europeus favoráveis ao fim da ajuda à Ucrânia. Mas o país não é imune a narrativas de desinformação: apesar de não ter um problema de imigração em massa, o tema dominou a campanha, por força, sobretudo, do discurso do partido populista Liberdade e Democracia Directa, a ponto de todos os principais partidos concordarem que o Pacto para as Migrações e Asilo europeu, que ainda não entrou em vigor, já precisa de ser reformado.
ROMÉNIA
Grande coligação não trava ascensão da extrema-direita
A votação para o Parlamento Europeu é uma espécie de ensaio geral para as eleições legislativas e presidenciais até ao fim do ano. Os dois maiores partidos romenos, de centro-esquerda e centro-direita, resolveram formar uma coligação europeia e juntar os seus candidatos numa lista conjunta. A ideia, apadrinhada pelo Presidente Klaus Iohannis, é formar um bloco forte para travar a ascensão dos partidos anti-sistema e pró-russos da direita radical e extrema, que “puxaram” o tema da corrupção para o topo da agenda e parecem estar a ganhar com isso. A coligação poderá recolher cerca de metade dos votos, mas, com uma subida histórica, poderão ser os nacionalistas a reclamar vitória: a Aliança para a União dos Romenos pode chegar aos 20% e o SOS Roménia deverá ficar acima do mínimo de 5% exigido para eleger eurodeputados.
SUÉCIA
Sociais-democratas na frente apesar das críticas ao Pacto das Migrações
Depois da revelação da existência de fábricas de “trolls” ligados ao partido da direita radical Democratas da Suécia, que faz parte da coligação de Governo, a espalharem propaganda contra o partido do primeiro-ministro, Ulf Kristersson decidiu rever a sua estratégia eleitoral para as europeias. Sem pôr em causa a sua aliança de direita, em Estocolmo, pôs a tónica na intenção do seu Partido Moderado (que pertence ao PPE) em colaborar com as forças pró-europeias do centro-esquerda, em Bruxelas e Estrasburgo. A “capitalizar” este braço-de-ferro entre os partidos do Governo está o Partido Social-Democrata, que deverá vencer confortavelmente as eleições, apesar das críticas na campanha contra o Pacto para as Migrações e Asilo, produzido pela comissária sueca dos Assuntos Internos, Ylva Johansson.