Joe Biden descarta perdão presidencial se o seu filho for condenado

Hunter Biden está a ser julgado por compra e posse ilegal de um revólver e pode ser condenado a uma pena de prisão.

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Hunter Biden vai voltar aos tribunais em Setembro, para ser julgado por evasão fiscal Kevin Lamarque / REUTERS
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O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que não irá usar os seus poderes presidenciais de perdão e de comutação de pena se o seu filho, Hunter Biden, for considerado culpado no julgamento em que é acusado de compra e posse ilegal de um revólver.

Numa entrevista ao canal norte-americano ABC News, na quinta-feira, Joe Biden disse também que vai respeitar qualquer que seja a decisão do tribunal, num contraste com as posições do seu antecessor e adversário na próxima eleição presidencial, Donald Trump, em relação aos seus próprios processos judiciais.

No dia 30 de Maio, Trump foi considerado culpado de todas as acusações num processo de fraude relacionado com o pagamento pelo silêncio de uma actriz de filmes pornográficos.

Sobre esta decisão — e também sobre os outros três processos em que é arguido, e outros em que foi condenado a pagar centenas de milhões de dólares de compensação por difamação e agressão sexual —, o ex-Presidente dos EUA diz que está a ser vítima de uma campanha de perseguição política movida pelo Partido Democrata.

Hunter Biden, de 54 anos, está a ser julgado no estado do Delaware por três acusações relacionadas com a compra de um revólver em Outubro de 2018.

Segundo a acusação, o filho do Presidente dos EUA — um assumido toxicodependente e alcoólico em recuperação — mentiu a um comerciante de armas licenciado e omitiu a sua dependência de drogas no formulário para a compra de um revólver.

No entender dos advogados de defesa, a compra foi feita numa altura em que Hunter Biden não estava sob o efeito de drogas, o que levanta dúvidas sobre a eventual ilegalidade da sua acção.

A acusação está a cargo de David Weiss, um procurador nomeado por Trump e mantido no cargo por Biden, e que viu os seus poderes ampliados em 2023, quando o actual procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, o promoveu a procurador especial.

A tarefa da acusação é aparentemente simples — terá de provar que Hunter Biden esteve sob o efeito de base de cocaína/crack, ou de outras substâncias ilegais ou de consumo controlado, nas horas antes e depois da compra do revólver.

Para isso, é determinante o testemunho de Hallie Biden, cunhada de Hunter Biden e sua amante após a morte do filho mais velho do Presidente dos EUA, Beau Biden, em 2015.

Ouvida na quinta-feira, Hallie Biden — também ela uma ex-consumidora de crack — mostrou-se "envergonhada e arrependida" do período em que se envolveu com Hunter Biden, justificando essa aproximação com o sofrimento provocado pela morte do marido e o consumo de drogas.

Em Outubro de 2018, Hallie Biden encontrou o revólver em causa no carro de Hunter Biden e depositou-o num caixote de lixo público, junto a uma zona comercial. Meia hora depois, quando Hallie Biden regressou ao local após uma conversa telefónica com Hunter Biden, o revólver já não estava no caixote de lixo.

O processo começou a ganhar forma quando a polícia local encontrou a arma, que tinha sido levada por um homem que recolhia material reciclável dos caixotes de lixo da zona.

O julgamento começou na segunda-feira, com a selecção dos jurados, e o Presidente dos EUA não esteve presente em nenhuma sessão por se encontrar numa viagem à Europa dedicada às comemorações do 80.º aniversário do Desembarque na Normandia.

Jill Biden, a segunda mulher de Joe Biden e madrasta de Hunter Biden, tem sido uma presença regular no julgamento e só faltou na quinta-feira, para estar ao lado do marido nas comemorações do Dia D, em França.

O filho do Presidente dos EUA pode ser condenado a um máximo de dez anos de prisão se for considerado culpado de todas as acusações, embora seja pouco provável que a sentença se aproxime do máximo permitido, já que Hunter Biden não tem antecedentes criminais e não é acusado de ter usado o revólver para cometer um crime.

Depois do julgamento no Delaware, Hunter Biden vai regressar aos tribunais em Setembro para se defender de crimes de evasão fiscal, num processo que também é liderado pelo procurador especial David Weiss.

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