Euribor a seis meses atingiu novo mínimo com “ajuda” do BCE

Taxas a três e a 12 meses subiram ligeiramente, a reflectir maior incerteza sobre o ritmo de novos cortes no custo do dinheiro.

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Juros elevados impedem muitos jovens de aceder ao crédito para compra de casa Manuel Roberto
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Na primeira sessão após a reunião do BCE que aprovou o corte de taxas em 0,25 pontos percentuais, as taxas Euribor registaram nesta sexta-feira uma descida na Euribor a seis meses, para novo mínimo desde Junho de 2023, e ligeiras subidas a três e 12 meses. Um comportamento explicado pelo facto de estes indicadores já terem antecipado o corte das taxas directoras, mas também porque o banco central foi cauteloso quanto ao calendário de novos cortes no custo do dinheiro, nomeadamente nas próximas reuniões de Julho e de Setembro.

As palavras cautelosas da presidente do BCE, Christine Lagarde, parecem afastar um novo corte na reunião do próximo mês, mas o cenário de mais dois cortes até ao final do ano não está ainda afastado. A justificar uma avaliação "reunião a reunião" está alguma pressão verificada na trajectória de descida da inflação. Até porque, se a inflação não está a reduzir-se ao ritmo desejado, também há sinais de preocupação na evolução da maior economia da zona euro. A economia alemã está a evoluir abaixo do esperado, o que levou o Bundesbank, o banco central deste país, a anunciar nesta sexta-feira uma revisão em baixa do crescimento económico para o corrente ano, para 0,3%, menos uma décima face à última previsão, com um corte da mesma grandeza para o próximo ano.

Com as alterações desta sexta-feira, a Euribor a seis meses, que é a que está presente num maior número de contratos (37,5%, segundo dados de Abril), caiu para 3,735%, menos 0,009 pontos percentuais. Para além do valor mais baixo desde Junho do ano passado, o valor actual está cada vez mais longe do máximo atingido em Novembro, nos 4,143%.

O prazo de 12 meses é o que maior descida apresenta, mas na sessão desta sexta-feira subiu 0,017 pontos percentuais, para 3,701% a reflectir a maior incerteza sobre o ritmo de novos cortes nas taxas directoras do BCE. Em 29 de Setembro do ano passado, este prazo atingiu os 4,228%.

O prazo mais curto, a Euribor a três meses, subiu 0,004 pontos percentuais, ao ser fixado em 3,759%, depois de ter atingido 4,002% em Novembro.

No mercado de derivados, os contratos sobre a Euribor a três meses a vencer em Setembro e Dezembro estavam a negociar, a meio da manhã desta sexta-feira, em queda ligeira face aos valores de abertura. Mantendo a tendência da véspera, os investidores estão a antecipar taxas em valores próximos de 3,56% e 3,36%, em Setembro e Dezembro.

Também no mercado cambial, o euro continuou a valorizar-se ligeiramente em relação ao dólar, mas, tal como nos mercados accionistas, os investidores ainda aguardam a divulgação de dados do emprego nos Estados Unidos, para tentar perceber qual poderá ser a decisão da Reserva Federal norte-americana em relação a um corte de taxas de juro, depois da estreia do BCE na inversão da política monetária.

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