“Rui Tavares vai estar bastante na rua esta semana”

Tomás Cardoso Pereira é o número 5 da lista do Livre às europeias. Afirma que “não se passa nada no Livre” e diz que, nesta última semana de campanha, Rui Tavares vai estar na rua ao lado do candidato

Tomás Cardoso Pereira esteve no podcast "A minha família é melhor que a tua", onde se falam com candidatos que não sejam cabeças-de-lista. Este é um resumo do que pode ser ouvido no podcast.

Pela primeira vez vou dizer uma coisa destas a um entrevistado. Tomás, você não era a minha primeira escolha. Contactei a Filipa Pinto que não aceitou por motivos profissionais. É estranho porque os candidatos têm direito a não trabalhar nestes dias por lei. O que é que se passa no Livre?
Não se passa nada no Livre. Confesso que não sei porque motivo é que a Filipa Pinto não se mostrou disponível para esta entrevista. Estamos todos bastante empenhados na campanha para estas eleições europeias. Eu não sou a Filipa Pinto, não lhe posso dizer porque o motivo é que a Filipa Pinto rejeitou, terá tido os motivos dela.

No passado sábado estivemos em campanha no Porto. A Filipa Pinto esteve o dia todo na campanha, respondeu a perguntas dos jornalistas. Esteve ao lado do nosso cabeça-de-lista Francisco Paupério, participou num comício ao final do dia. Portanto, dentro do que são as disponibilidades de cada pessoa no Livre, estamos todos empenhadíssimos a fazer campanha para chegar pela primeira vez ao Parlamento Europeu.

Se a Filipa Pinto for eleita, será a única candidata a ser eleita sem fazer campanha. É uma coisa inédita.
Não, isso não é verdade.

Não está na rua. Tem motivos profissionais.
Acho que se instalou um bocadinho essa narrativa, ou o que se quiser chamar, de que determinadas pessoas não estão na campanha, mas não é verdade. A Filipa Pinto tem feito campanha...

Aos fins-de-semana?
A Filipa Pinto tem estado envolvida na campanha no Porto. Confesso que não acompanho a campanha no Porto de perto. Sou de Lisboa, tem feito campanha aqui mais por Lisboa e na margem sul. Essa ideia de que há pessoas no Livre que não estão a fazer campanha não corresponde à realidade.

O Rui Tavares volta a estar esta semana?
O Rui Tavares esteve sempre na campanha. O Rui Tavares esteve na campanha desde o lançamento. Quem não esteve no lançamento de campanha do Livre foi a comunicação social. Só estavam dois órgãos de comunicação social. A maior parte não marcou presença no lançamento de campanha do Livre. Inclusivamente o PÚBLICO não esteve lá, com muita pena minha.

Se o PÚBLICO tivesse estado, se as televisões tivessem estado, teriam visto o Rui Tavares no lançamento de campanha do Livre, com a porta-voz Isabel Mendes Lopes, que interveio. Esteve também o Paulo Muacho, deputado, que também interveio. Estiveram vários dirigentes, várias pessoas da direcção. O único deputado que não esteve no lançamento de campanha foi o Jorge Pinto porque estava na Madeira no último dia de campanha.

Vemos o Francisco Paupério andar sozinho por aí com três amigos.
É normal que partido com o tamanho que o Livre tem, com o tipo de implantação que o Livre tem, não tenha uma capacidade de mobilização avassaladora em todos os pontos do país. Quando o Francisco Paupério está fora de um grande centro urbano, é normal que apareça menos gente. Mas não têm sido só 5 ou 6 pessoas. No comício que fizemos no Porto tivemos uma moldura humana considerável. As televisões captaram isso.

A ideia de que Francisco Paupério está sozinho a fazer campanha também não corresponde à realidade. Aliás, se perguntar ao Francisco Paupério ele próprio diz-lhe isso.

Nestes quase 10 anos em que estou no Livre as queixas que ouvi foram sempre “o Livre é só o Rui Tavares, só o Rui Tavares é que aparece, vocês não têm mais ninguém, porque é que é sempre o Rui Tavares, onde é que estão as outras pessoas do Livre”? E agora, subitamente, numa campanha em que o Rui Tavares não é o cabeça-de-lista, pela primeira vez vemos uma ânsia súbita: onde é que está o Rui Tavares? Porque é que o Rui Tavares não aparece? Mas para descansar todas as pessoas que estão com muita vontade de ver o Rui Tavares, ele vai estar bastante na rua nesta semana de campanha, vai a vários eventos, assim como o restante grupo parlamentar e a nossa co-portavoz, Isabel Menos Lopes

Sobre a Ucrânia. Estamos à beira de uma guerra na Europa onde pode haver botas no chão? Como é que é a vossa posição?
O Livre tem apoiado a Ucrânia desde a primeira hora no direito à sua defesa, à sua soberania, à sua independência, à sua autodeterminação e à sua liberdade. A situação tem-se complexificado desde a invasão de Fevereiro de 2022 por parte da Rússia de Putin. Tem tido desenvolvimentos no terreno que complexificam a situação. O debate que temos agora é sobre se as armas ocidentais devem ser utilizadas para atingir alvos militares para lá da fronteira da Ucrânia. Para legítima defesa esses meios devem ser explorados. Sempre com contenção, sempre com o princípio da precaução. A palavra-chave aqui é defesa.

Não estamos a falar de mandar mísseis para Moscovo, em incursões terrestres território russo. Aí é outra dimensão de actuação no terreno que poderia escalar o conflito para níveis que são completamente indesejáveis e nós queremos o oposto. Nós queremos desescalar o conflito, obviamente, permitindo à Ucrânia que se defenda.

Mas sobre esta decisão da NATO, que o Governo apoiou, o Livre está contra?
Não, o Livre não está contra esta decisão. Aquilo que queremos é que seja aplicada com conta, peso e medida. Uma coisa é usar armas ocidentais para atingir posições russas que estão a servir para matar pessoas na Ucrânia. Outra coisa seria usar essas armas para ofensivas ucranianas em solo russo. Aí já não vemos com bons olhos de maneira nenhuma. Contribuiria para o escalar do conflito.

A Europa acabou de aprovar o pacto de migrações de que parece que ninguém gosta, mas feito à medida do previsível crescimento da extrema-direita que vem aí, certo?
Sim, parece feito à medida da extrema-direita. Esperamos que este crescimento não se materialize. Vamos lutar até ao último minuto da campanha para limitar esse crescimento da extrema-direita, tentar que a extrema-direita não cresça e, ao invés disso, termos um crescimento dos Verdes e das suas ideias no Parlamento Europeu. Os Verdes foram muito claramente contra este pacto. Ele tem cláusulas que são completamente inconcebíveis. A detenção de menores. Ao mesmo tempo, o pacto contribui para a externalização das fronteiras da União Europeia, muitas vezes para regimes autocráticos.

O que temos visto cada vez mais no Partido Popular Europeu, do qual o PSD e o CDS fazem parte em Portugal, é fazer algumas concessões à extrema-direita na esperança de que a extrema-direita se modere. E, ao mesmo tempo, na esperança de ir buscar alguns votos. E o PPE está a contribuir para o crescimento e para a normalização da extrema-direita na Europa. O pacto de asilo e imigrações é um exemplo muito concreto de todos os erros que se podem fazer numa política pública. E do ponto de vista político ainda reforça o discurso de ódio, a xenofobia.

Tomás Cardoso Pereira, quem é você? Faça-nos o seu auto-retrato.
Sou Tomás Cardoso Pereira, tenho 30 anos, vivi a minha vida quase toda em Algés, no concelho de Oeiras. Licenciei-me em Gestão pela Universidade Nova de Lisboa. Neste momento deveria estar a fazer mestrado, infelizmente não tenho tido tempo para concluir Relações Internacionais, Estudos Europeus, também na Universidade Nova, neste caso na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.

Juntei-me ao Livre na segunda metade de 2015, muito perto das legislativas desse ano. Só me tornei membro do partido a seguir às legislativas, mas já participava algumas coisas antes disso. Aliás, quando não fazia parte do partido, votei Livre nas Europeias de 2014. E depois das legislativas de 2015 quando o resultado do Livre nessas eleições não foi muito famoso, senti que tinha de contribuir mais e juntei-me ao partido. E desde então o Livre passou a ser uma parte muito importante da minha vida. Hoje em dia, trabalho no gabinete do Livre na Assembleia da República, sou chefe de gabinete do Livre desde 2022.

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