Seul retoma exercícios militares na fronteira após suspender pacto com Pyongyang

Coreia do Norte lançou quase mil balões cheios de lixo, incluindo pontas de cigarro e fezes de animais, em direcção ao país vizinho. Balões pousaram em Seul e na região adjacente de Gyeonggi.

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Yoon Seok-yeol, Presidente da Coreia do Sul, ratificou proposta de suspensão total do pacto em resposta DAEWOUNG KIM/REUTERS
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A Coreia do Sul vai retomar ainda este mês os exercícios de artilharia nas zonas fronteiriças com o Norte, depois de suspender efectivamente um tratado bilateral assinado em 2018.

As tropas da marinha destacadas para as ilhas do nordeste do país, junto à fronteira, planeiam realizar exercícios de artilharia em breve e pela primeira vez em seis anos, disseram fontes militares à agência de notícias sul-coreana Yonhap.

Em Janeiro, o exército de Seul tinha realizado manobras com tiros reais perto dessas ilhas, Baengnyeong e Yeonpyeong, em resposta a exercícios de artilharia de Pyongyang na mesma zona.

As forças armadas sul-coreanas deverão também retomar os exercícios de artilharia em três campos de tiro em áreas anteriormente designadas como zonas-tampão.

O anúncio surge um dia depois do Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, ter ratificado uma proposta, apresentada pelo executivo, de suspensão total do pacto, em resposta aos quase mil balões lançados pelo Norte em direcção ao país vizinho desde terça-feira.

Os balões cheios de lixo, incluindo pontas de cigarro e fezes de animais, pousaram nas províncias do norte da Coreia do Sul, nomeadamente na capital Seul e na região adjacente de Gyeonggi.

A Coreia do Sul disse que a iniciativa norte-coreana violou o acordo de armistício, que pôs fim às hostilidades entre as duas Coreias em 1953, apesar de “nenhuma substância perigosa ter sido encontrada” nos balões.

Seul já tinha suspendido parcialmente o acordo, na sequência do lançamento de um satélite espião por Pyongyang. Em Janeiro, a Coreia do Norte anunciou que ia abandonar o tratado.

O pacto bilateral, assinado em 2018 para reduzir as tensões e evitar incidentes armados na fronteira, proibia exercícios de fogo real nas áreas fronteiriças e estabelecia zonas-tampão terrestres e marítimas, assim como zonas de exclusão aérea.

A Guerra da Coreia (1950-1953) terminou com a assinatura de um armistício, que nunca foi substituído por um tratado de paz, deixando os dois lados tecnicamente em guerra e separados pela fronteira mais armada do mundo, incluindo a chamada zona desmilitarizada (DMZ).