China está a recrutar militares ocidentais para treinar as suas Forças Armadas

Estados Unidos e aliados anglófonos alertam para o assédio chinês a pilotos militares ocidentais, activos e na reserva, e pedem que eventuais propostas de trabalho sejam recusadas e denunciadas.

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Militar do Exército de Libertação do Povo Chinês, em Pequim Reuters/Tingshu Wang
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Os serviços secretos dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, que juntos formam a aliança anglófona de partilha de informação conhecida como Five Eyes ("cinco olhos" em inglês), emitiram esta quarta-feira uma declaração conjunta em que acusam a China de recrutar actuais e antigos pilotos militares ocidentais para treinar as suas Forças Armadas.

“O treino do Exército de Libertação do Povo Chinês por combatentes ocidentais pode aumentar o risco de um futuro conflito, limitando a nossa capacidade de dissuasão”, alertam os serviços secretos dos cinco países.

Este é o mais recente aviso da aliança anglófona, crescentemente focada em ameaças de espionagem e de roubo de propriedade intelectual por parte do Governo chinês.

A Reuters contactou a embaixada chinesa em Washington para solicitar esclarecimentos, mas não obteve resposta.

O Exército de Libertação do Povo Chinês (ELP) está a recorrer a empresas privadas na África do Sul e na China para contratar antigos pilotos militares, engenheiros de voo e funcionários de centros de controlo de operações aéreas em países ocidentais para dar formação aos seus próprios militares, indica a Five Eyes.

“O ELP quer as competências e conhecimentos destes indivíduos para capacitar a sua Força Aérea, ao mesmo tempo que obtém informações sobre as tácticas, técnicas e procedimentos da aviação ocidental”, refere o comunicado.

As secretas dos cinco aliados sublinham ainda que esta estratégia representa uma “ameaça permanente e em evolução” e que os conhecimentos adquiridos pelas Forças Armadas chinesas são um risco para a segurança dos Estados Unidos e dos seus aliados.

Os Estados anglófonos apelam a quem receba ofertas de emprego deste tipo, que muitas vezes incluem promessas de salários elevados ou lisonjas excessivas, que se salvaguarde e denuncie qualquer tentativa às autoridades militares do seu país.

No ano passado, o Departamento do Comércio norte-americano aplicou sanções a mais de uma dezena de empresas na China, Quénia, Laos, Malásia, Singapura, África do Sul, Tailândia, Reino Unido e Emirados Árabes Unidos pelo seu envolvimento no recrutamento de militares ocidentais para dar formação ao ELP.

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