Primavera Sound Porto regressa aos três dias, mantendo o mal-amado palco principal

Lana Del Rey, PJ Harvey, Mitski, SZA e os Pulp são alguns dos nomes fortes da 11.ª edição. Organização espera que “ligeiras modificações” no recinto melhorem a fruição do público no palco principal.

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SZA actua na primeira noite Amy Sussman/getty images
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Foi talvez a maior novidade da edição de 2023 do Primavera Sound Porto, mais significativa do que a surpresa dos quatro dias, uma questão circunstancial derivada das disponibilidades limitadas de Kendrick Lamar: a adição de um palco que se tornou o principal, convertendo em secundário o anfiteatro natural onde antes aconteciam os concertos maiores do festival realizado no Parque da Cidade. A mudança revelou-se controversa, com muitas queixas de reduzida visibilidade para desfrutar das actuações no novo palco. Mas o director do Primavera Sound Porto, José Barreiro — que logo após o festival admitiu a necessidade de tirar ilações —, foi rápido a descartar a possibilidade de anular a despromoção do antigo palco principal.

A mudança, explicou na altura, prendia-se com questões logísticas. Por estar junto à estrada (numa zona que no ano passado o festival ocupou pela primeira vez, ampliando a sua área)​ e não no meio do Parque da Cidade, o novo palco facilita os trabalhos de montagem e desmontagem de equipamento, diz o responsável. É por isso que este ano o Palco Porto, como é designado, volta a ser o principal. É nele que, entre esta quinta-feira e sábado, se apresentarão nomes como PJ Harvey, SZA, Lana Del Rey ou os The National, que, apenas oito meses após a sua última visita a Portugal, se preparam para dar o seu 22.º concerto em solo nacional (a estreia foi em Paredes de Coura, em 2005).​

Se a zona onde está situado este palco é bastante mais plana do que aquela onde fica o anfiteatro natural — o chamado Palco Vodafone, por onde passarão Mitski, o duo francês Justice, Ana Frango Elétrico, os ingleses Pulp ou ainda uma homenagem a Steve Albini (a morte inesperada do músico e influente engenheiro de som, há cerca de um mês, anula a actuação dos seus Shellac, mas haverá uma festa de escuta do último álbum desta banda que vem ao Primavera Sound Porto desde a primeira edição) —, a organização procedeu a “ligeiras modificações no recinto”, de modo a tentar tornar a experiência mais agradável para o público. Foram repensadas as localizações da régie e da tenda de cerveja, que no ano passado motivaram protestos.

José Barreiro diz ao PÚBLICO que agora há também mais sumidouros para escoar as águas, depois de no ano passado as chuvas fortes — resultado da depressão Óscar, que afectou sobretudo os primeiros dois dias do festival —, terem culminado na formação de grandes poças de água. Neste momento, as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera apontam para a possibilidade de chuva, com trovoada incluída, entre a tarde de sexta e a manhã de sábado. Não foram, pelo menos até ver, emitidos avisos meteorológicos.

O festival foi montado com um orçamento na ordem dos dez milhões de euros — são menos três face à edição do ano passado, que, recorde-se, tinha mais um dia. José Barreiro repete aquilo que disse no podcast Posto Emissor, da Blitz, quando reagiu às críticas de quem habitualmente manifesta o seu desagrado com o facto de o cartaz ser muito mais magro do que o do Primavera Sound de Barcelona, o Primavera original, que aconteceu no fim-de-semana passado. “São orçamentos diferentes, preços de bilhetes diferentes… É comparar o incomparável. Ninguém consegue ver 80 concertos em três dias. Isto é uma versão reduzida, adaptada à nossa realidade — e mesmo assim há queixas com os horários e a sobreposição de artistas. Imagine-se se tivéssemos oito palcos, como o Primavera de Barcelona.”

O festival vai dividir-se por quatro palcos, depois de no ano passado ter acontecido em cinco. Caiu o palco Bits, dedicado à música electrónica. A justificação é “simples”, diz José Barreiro, explicando que o espaço onde ele se situava, um pavilhão pertencente ao Sport Club do Porto e supostamente destinado à prática de ginástica, “estava parado há muito tempo”, o que permitia à organização utilizá-lo. “Agora, entrou em obras para que possa efectivamente ser usado como pavilhão desportivo, pelo que deixámos de poder alugá-lo. As soluções que procurámos para manter um espaço dedicado à electrónica, no pouco tempo que tivemos, traziam mais riscos em termos de ruído do que benefícios. Queremos ser o menos intrusivos possível para a população local.”

A lotação encontra-se fixada nas 40 mil pessoas por dia. Os bilhetes para o segundo dia, aquele que tem Lana Del Rey como chamariz, já estão esgotados. Na quinta e no sábado, a organização espera receber sempre “acima de 30 mil” espectadores. No ano passado, as previsões meteorológicas adversas “limitaram a venda de última hora”, assinala José Barreiro, que deseja uma situação mais favorável na edição que se avizinha.

As informações sobre os horários dos concertos e a distribuição dos artistas por palcos podem ser consultadas no site do festival e nas suas redes sociais.

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