Jogos Olímpicos: atletas australianos podem decidir se mergulham no rio Sena

Austrália deixa que os atletas escolham se nadam ou não no rio Sena nos Jogos Olímpicos e garante protecção caso decidam nadar. Paris comprometeu-se a limpar o rio para as competições de água aberta.

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Paris pretende limpar o Sena para as competições olímpicas. Atletas australianos decidem se querem ou não participar Stephanie Lecocq / REUTERS
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Depois da França se ter comprometido a limpar as águas do rio Sena para realizar competições olímpicas, a Austrália já se manifestou: o país fornecerá tratamento de protecção para os atletas que competirem no rio nos Jogos Olímpicos de Paris, mas a decisão final sobre se mergulharão naquelas águas será dos nadadores australianos. Paris comprometeu-se a limpar o curso de água de poluentes suficientes para se realizar, com segurança, a maratona de natação e uma parte do triatlo em Julho e Agosto.

No mês passado, o presidente da Câmara de Paris inaugurou um reservatório gigante para ajudar a reduzir os riscos de poluição no rio, mas os testes regulares da qualidade da água continuam a revelar níveis insalubres de contaminantes após os dias de chuva.

Anna Meares, chefe de missão da Austrália para os jogos, disse que confiava nas garantias dos organizadores sobre a questão da segurança da água, mas que não iria ditar qualquer acção aos atletas se os testes mostrassem que a água não era segura.

“Não se trata de intervirmos e dizer que não os deixamos nadar. Em última análise, a escolha é do atleta", disse a também ex-ciclista numa conferência de imprensa do Comité Olímpico Australiano (AOC, na sigla em inglês) sobre os Jogos de Paris, esta quarta-feira.

“Não vamos colocar nenhum atleta num ambiente que ponha em risco o seu bem-estar. Essa informação ser-lhes-á dada e a escolha será, em última análise, deles. Tentem pôr-se à frente de um atleta olímpico que se treinou toda a sua vida quando tem a oportunidade de nadar e digam-lhe que não. Isso não vai acontecer”, continuou.

Carolyn Broderick, directora médica da equipa, afirmou que o AOC tem experiência em proteger os atletas de potenciais infecções, depois de preocupações semelhantes sobre os locais de natação em águas abertas nos Jogos do Rio de Janeiro de 2016.

“Se o Comité Organizador de Paris diz que é seguro nadar, não tenho grandes preocupações”, afirmou a directora médica. “Estamos conscientes de que a qualidade da água varia consideravelmente em função do que acontece no exterior, nomeadamente a precipitação. Por isso, temos de os preparar para os possíveis agentes patogénicos que possam estar lá dentro. E temos um sistema para o fazer.”

Broderick explicou ainda que a sua equipa médica aplicaria soluções antibacterianas nos olhos e na pele dos atletas depois de terem estado na água e oferecer-lhes-ia medicamentos profilácticos para prevenir infecções intestinais.

Anna Meares reforçou a ideia, dizendo que a equipa australiana de cerca de 460 atletas poderia contar com um elevado nível de apoio em Paris e nos outros locais dos Jogos Olímpicos, incluindo alguns confortos caseiros.

A chefe de missão disse, por exemplo, que, apesar de os organizadores não estarem a fornecer ar condicionado na aldeia olímpica por motivos de sustentabilidade, a Austrália irá colocar uma unidade em cada quarto para ser utilizada em caso de calor extremo. “No fim de contas, nós e o comité organizador temos os nossos próprios objectivos de sustentabilidade”, disse ela. “É um conforto que sentimos que temos de fornecer aos nossos atletas para o desempenho”, concluiu.

Os Jogos Olímpicos decorrem em Paris de 26 de Julho a 11 de Agosto.

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