Governo subiu proposta, mas reunião com sindicatos da polícia acabou sem acordo

Margarida Blasco propõs juntar mais 300 euros aos 100 que os polícias já têm de subsídio de risco. Seria pago de forma faseada em três vezes até 2026, sem retroactivos.

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O presidente do sindicato Nacional dos Oficiais de Policia, Bruno Pereira MANUEL DE ALMEIDA / LUSA
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À quarta reunião com os sindicatos das polícias, a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, aumentou a proposta destinada a compensar os agentes das forças de segurança pelo risco da profissão. Porém, essa cedência não foi suficiente para chegar a acordo com os polícias e, pelas 23h30 horas, os sindicatos abandonaram a reunião que decorreu esta terça-feira no Ministério da Administração Interna.

Bruno Pereira, do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, disse que apesar do "espaço de cedências" que foi aberto pelos sindicatos não há condições para chegar a acordo, embora ainda acredite que tal possa vir a acontecer no futuro. "Dependerá sempre da boa vontade do Governo", disse aos jornalistas no final da reunião. "A distância entre a proposta do ministério e a nossa proposta, apesar de todas as cedências possíveis, não foi suficiente para haver uma convergência", disse.

O presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, lembra que o valor apresentado pelo MAI "ficava por metade daquilo" que defendia a plataforma, pelo que é "um valor que não expressa a dignidade" dos polícias.

A proposta apresentada esta terça-feira pela governante passa por juntar mais 300 euros aos 100 que os polícias já recebem de subsídio de risco. Porém, este valor não seria todo pago de uma vez: polícias e guardas começariam por receber mais 200 euros mensais a partir de 1 de Julho próximo, sendo um segundo aumento, de 50 euros, remetido para 1 de Janeiro de 2025; e um terceiro aumento, do mesmo montante, seria pago em Janeiro de 2026. Sem retroactivos. Antes disso, e também na reunião negocial desta terça-feira, Margarida Blasco tinha proposto apenas mais 230 euros pagos em dois anos, que foram rejeitados pelas associações, levando-a a subir a parada.

"Sinto uma tristeza imensa por não sair daqui com um acordo", precisou Bruno Pereira, dando conta que a plataforma que congrega 11 sindicatos da PSP e associações da GNR vai agora reunir para decidir sobre o futuro.

Desmotivação pode atingir níveis "nunca antes observados"

Questionado sobre futuros protestos, Bruno Pereira respondeu: "Mais do que os protestos, tenho medo do desalento, tristeza e da desmotivação [dos polícias] que já era mínima e neste momento pode atingir níveis nunca antes observados".

A reunião começou perto das 18h e foi interrompida três vezes por solicitação da governante.

Pelas 22 horas, três dos 12 sindicatos tinham já abandonado a mesa das negociações por terem percebido que não seria possível igualarem-lhes o suplemento salarial ao da Polícia Judiciária, que no início do ano foi aumentado para mil euros na carreira de investigação criminal.

“Quando saímos da sala a ministra deu a entender que ou aceitávamos os 300 euros pagos de forma faseada ou a tutela avançava unilateralmente com a proposta anterior, de apenas 230 euros”, explicou o dirigente sindical Armando Ferreira, do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), um dos que abandonou as negociações.

Além do Sinapol, começaram por abandonar a mesa de negociações o Sindicato Independente de Agentes de Polícia – Siap e a Associação Sindical Autónoma de Polícia – Asapol.

A plataforma que reúne sindicatos e associações da GNR e da PSP tinha apresentado à tutela uma contraproposta que tinha como objectivo a subida do suplemento que cobre o risco no valor de 300 anos em 2024 e de outro tanto no ano que vem, passando assim dois actuais 100 euros que são pagos aos agentes da autoridade para 700.

Além destes 100 euros fixos, o suplemento inclui actualmente uma componente variável de 20% do salário-base.

Na última ronda de negociações, a ministra da Administração Interna tinha proposto alterar o suplemento por serviço e risco nas forças de segurança que já existe na vertente fixa de 100 para 280 euros, um aumento de 180 euros, e manter a vertente variável de 20% do ordenado base. Mas os polícias exigem aumentos de 600 euros no suplemento de missão.

Com Lusa

Actualizada com declarações do presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia

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