Rijksmuseum identifica casal retratado por Frans Hals há quase 400 anos
Museu nacional dos Países Baixos vem agora dizer que os retratados são um presidente de câmara e a sua mulher. É o único par de retratos de um casal de Amesterdão pintado por Frans Hals.
O Rijksmuseum, em Amesterdão, descobriu a verdadeira identidade de um casal retratado pelo pintor neerlandês Frans Hals, em 1637, como o autarca da capital dos Países Baixos Jan van de Poll, e a sua mulher, Duifje van Gerwen.
Anteriormente acreditava-se que o retrato era de um cervejeiro neerlandês e a sua mulher, mas a investigação em arquivo permitiu avançar agora com outros nomes para os protagonistas das duas pinturas, propriedade do Rijksmuseum, noticiou na segunda-feira a agência Efe, citando um comunicado deste que é o museu nacional dos Países Baixos.
"Este é o único par de retratos de um casal de Amesterdão pintado por Frans Hals. Jan e Duifje viajaram para Haarlem por volta de 1637 para posar para a pintura", explica o museu.
Jan van de Poll (1597-1678) foi presidente da Câmara de Amesterdão sete vezes. Em 1650 alcançou o posto mais alto - coronel - na milícia de cidadãos e aparece nesta função em dois retratos, um pintado pelo artista alemão Johann Spilberg, em 1650, e outro pelo neerlandês Bartholomeus van der Helst, em 1653, ambas pinturas da colecção do Museu de Amesterdão.
Por sua vez, Duifje van Gerwen (1618-1658) era a filha mais nova de um rico comerciante de vinhos em Warmoesstraat, uma das ruas mais antigas de Amesterdão, e casou-se com o autarca em 1637. O retrato duplo em questão foi criado por Hals pouco depois do casamento.
O Rijksmuseum acredita que Hals, um dos pintores mais celebrados do chamado Século de Ouro Holandês, que tem em Rembrandt o seu expoente máximo, foi recomendado para estes dois retratos pelo tio de Duifje, Willem Warmond, que aparece como capitão num retrato de grupo da milícia de Haarlem que o artista neerlandês pintou dez anos antes.
Hals começou The Meager Company, o seu único retrato de grupo de uma milícia de Amesterdão, em 1633, esclarece ainda o museu, e porque vários membros da milícia não queriam viajar para Haarlem para serem retratados acabou por ser o pintor de Amesterdão Pieter Codde a terminar o trabalho, em 1637.
"Mas Jan e Duifje estavam dispostos a ir para Haarlem e aparentemente aproveitaram esta vaga na agenda de Hals", explicou ainda o Rijksmuseum, com base na sua investigação.
Estes dois retratos entraram na colecção do museu neerlandês em 1885 e o então director, Frederik Obreen, identificou os temas da pintura como Nicolaes Hasselaer (1593-1635), um cervejeiro neerlandês da Idade de Ouro, e sua mulher, Sara Wolfphaerts van Diemen (1594-1667), porém, desde 2007, a identidade dos retratados tem vindo a ser posta em causa.
Um curador do Rijksmuseum, Jonathan Bikker, conseguiu agora estabelecer que esta identificação é incorrecta com base nos testamentos dos netos e bisnetos de Van Diemen, que revelaram ser impossível que os retratos tenham feito parte da herança da família.
O curador também comparou o retrato do autarca feito por Hals com aqueles feitos por outros artistas, embora não existam outras pinturas conhecidas da sua mulher, Duifje.
O Rijksmuseum lembrou que Jan e Duifje são ascendentes directos de Jonkheer Jan Stanislaus Robert van de Poll, que doou as pinturas à galeria em 1885.
O museu da capital dos Países Baixos exibe este par de retratos até 9 de Junho como parte de uma grande antológica sobre Frans Hals inaugurada em Novembro. Estas pinturas viajam depois para uma exposição em Berlim que associa este pintor neerlandês aos seus contemporâneos na Gemäldegalerie.