Coimbra inicia celebrações dos 500 anos de Camões à meia-noite de dia 10
Programa cultural é promovido pela Associação Portugal Brasil 200 anos, pela Câmara Municipal e pelo Centro de Estudos Camonianos da Universidade de Coimbra.
A cidade de Coimbra vai dar início às comemorações dos 500 anos de Luís de Camões à meia-noite de dia 10, no final de um espectáculo de teatro agendado para a noite anterior, em que dois actores encarnam o poeta.
"Mas afinal de quem foi ideia de celebrar o meu nascimento no dia da minha morte?" é a pergunta que será lançada, no final da representação, ao público presente, por um dos dois Luís Vaz de Camões, um português e um brasileiro.
Será então inaugurada a programação cultural camoniana na cidade, promovida pela Associação Portugal Brasil 200 anos, pela Câmara Municipal e pelo Centro de Estudos Camonianos da Universidade de Coimbra.
O programa, que se vai estender ao longo do mês de Junho, está inserido no projecto Coimbra Cidade de Camões, com o qual a Casa da Cidadania da Língua marca o arranque das celebrações.
Em nota de imprensa enviada à agência Lusa, os promotores da iniciativa explicaram que a peça de teatro O Olho Perdido de Camões, agendada para as 21h de dia 9, termina com aquela pergunta, uma "provocação que sintetiza o espírito com que os curadores do projecto (...) desafiam o público, não só em Coimbra, mas também em Portugal e nos territórios de língua portuguesa, a pensar a história e o legado do maior poeta de língua portuguesa".
"Embora a data exacta do nascimento do poeta seja desconhecida, optou-se por iniciar as festividades entre o ano em que ele nasceu e as duas datas significativas de sua morte, culminando no Dia de Portugal", referiram os curadores do Coimbra Cidade de Camões, adiantando que nomes como Pedro Abrunhosa, Lídia Jorge, Maria do Rosário Pedreira, Luís Filipe Castro Mendes ou Mário Cláudio, entre muitos outros, se associaram ao projecto.
Ainda segundo os promotores, Coimbra é a única universidade de língua portuguesa até a implantação da República em Portugal a assumir um papel de destaque nas comemorações, "ligando a vida e a obra do maior poeta português ao território que simboliza o conhecimento e a cultura".
"A iniciativa pretende trazer um novo olhar sobre Camões, não apenas como poeta, mas como um homem inserido numa cidade do saber".
Citado na nota, José Manuel Silva, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, destacou a importância do evento para a cidade.
"Coimbra tem um papel histórico e cultural fundamental na preservação e na promoção da obra de Luís de Camões. Estas celebrações são uma homenagem ao nosso passado literário e uma inspiração para o nosso futuro", declarou.
Já José Manuel Diogo, presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos, considerou a celebração dos 500 anos de Luís de Camões como uma oportunidade única para uma reflexão sobre a importância da língua portuguesa e um futuro construído em conjunto com os povos que a falam.
"Este é o objectivo da Casa da Cidadania da Língua e da programação deste ano, que esperamos ser um ponto de partida para uma discussão continuada sobre o papel do saber, do conhecimento e da língua no futuro", observou.
As festividades incluem diversas actividades culturais, destacando-se as residências literárias intituladas Camões o Estrangeiro, um projecto que os promotores classificam de inovador e onde participarão intelectuais de países africanos de língua oficial portuguesa, "promovendo uma leitura geográfica e cultural da língua portuguesa".
De acordo com o comunicado, a primeira residência será inaugurada pelo premiado escritor brasileiro Tom Farias, "trazendo uma visão contemporânea sobre Camões e sua obra".