Luís Montenegro admite financiamento público para comunicação social

Primeiro-ministro discursou na conferência dos 136 anos do Jornal de Notícias, onde foi anunciado que em breve o Governo apresentará um plano de acção para o sector dos media.

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Luís Montenegro na conferência dos 136 anos do JN MANUEL FERNANDO ARAUJO / LUSA
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O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou este domingo ser "possível haver algum financiamento público" para a comunicação social, argumentando que "aqueles que cumprem serviço público naturalmente que devem esperar do Estado o reconhecimento do serviço que prestam".

Numa intervenção na conferência dos 136 anos do Jornal de Notícias, na Casa da Música, no Porto, o chefe do Governo acrescentou que "a atracção de capital privado deve também ser estimulada", acrescentando que o Estado deve "garantir um bom retorno dos investimentos que ocorreram".

"Também precisamos de instrumentos de mecenato para a comunicação social, precisamos que o capital que é atraído para esta actividade possa ter condições de retribuir o esforço que está a dar", disse ainda Luís Montenegro.

Para Luís Montenegro, "o país, para se desenvolver, para aproveitar o seu potencial criativo, que pode motivar mais conhecimento, mais ciência, mais formas de inovação, de fazer mais do que foi feito anteriormente e, muitas vezes, mais do que os outros fazem ao nosso lado, é um país que precisa de liberdade, também na informação".

Afirmando-se "claramente muito preocupado com a forma como hoje se pode e deve materializar uma informação rigorosa, uma informação isenta e criteriosa", assinalou que hoje em dia "a concorrência ao bom jornalismo é enorme, a concorrência das redes sociais, das plataformas que seleccionam apenas a informação que querem [...] rentabilizando sem custo a informação que os outros construíram, ficando com os recursos que fazem falta ao bom jornalismo e aos órgãos de comunicação social para serem sustentáveis".

"Com a mesma naturalidade e franqueza com que assumo que o país precisa de bons políticos, o país também precisa de bons jornalistas, jornais e órgãos de comunicação social. Mas quando todos dão as mesmas notícias, quando um só acontecimento é capaz de colocar todos os jornalistas à procura de uma reacção que depois multiplica por sete, oito, dez agentes no caso dos partidos políticos [...] eu pergunto-vos se a pessoa que está em casa é isso que verdadeiramente quer saber?", questionou o primeiro-ministro.

Neste contexto, Montenegro disse ser "importante que os poderes públicos possam ter uma política que garanta maior sustentabilidade financeira ao sector", acrescentando: "Sim, que possa haver regulação, quem são os proprietários, quem são os interesses que estão à volta dos órgãos de comunicação social, que possa haver uma carreira jornalística que valha a pena, porque hoje não vale a pena. A maior parte dos jornalistas ganha mal, para não dizer que ganha pessimamente e têm sobre a tal importância global de alimentar a informação de um país".

No programa do Governo liderado por Luís Montenegro pode ler-se que o executivo pretende, entre outras medidas, "criar um Plano de Acção para os media, envolvendo o sector dos media tradicionais e digitais, a academia, a sociedade civil, de forma a dar resposta aos graves problemas estruturais e conjunturais decorrentes das profundas mudanças tecnológicas, da configuração da nova oferta de conteúdos, da crise nas cadeias de produção e da violação de direitos de consumidores e empresas".

Citado na edição de hoje do Jornal de Notícias, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, disse que o plano de acção para o sector seria apresentado em breve.