O IRS jovem deve aplicar-se a deputados e governantes? Rui Rio acha que não

O ex-líder do PSD desaconselha a que a redução da taxa seja usada para incentivar os jovens a ir para um cargo que não deve ser visto como lugar de carreira. João Galamba já lhe respondeu.

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Rui Rio (PSD) PEDRO NUNES/REUTERS
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A medida recentemente aprovada em Conselho de Ministros sobre o IRS Jovem — de acordo com a qual os jovens até aos 35 anos vão passar a pagar uma taxa de IRS entre 4,4% e 15% aplicável a quem tem rendimentos até ao 8.º escalão — foi criticada por Rui Rio, ex-líder do PSD, na rede social X (antigo Twitter), num ponto muito específico.

Sem dizer o que pensa sobre a proposta na generalidade, o social-democrata questionou que a redução do imposto seja aplicada a um grupo específico de jovens. "Independentemente da opinião que se tenha sobre a forte redução do IRS para quem tem menos de 35 anos, fará sentido ela aplicar-se também a deputados e governantes?", perguntou. "Deputados a ganharem mais 700€ líquidos/mês (ou mais 1300€, no caso dos eurodeputados) só porque são mais novos?"

Rui Rio acrescentou ainda, em resposta a alguns utilizadores do X que ser deputado ou membro do Governo não é profissão. "Incentivar a ficar em Portugal para construir uma carreira profissional tem racionalidade. Incentivar a ir para um cargo, que em circunstância alguma deve ser visto como um lugar de carreira, é, até, desaconselhável."

O regime apresentado por Joaquim Miranda Sarmento e Luís Montenegro, ministro das Finanças e primeiro-ministro respectivamente, já tinha recebido as críticas dos socialistas. O líder da JS afirmou, inclusivamente, que o partido pretende votar contra o IRS Jovem anunciado pelo Governo caso a proposta não seja alterada.

"O IRS Jovem criado pelo PS beneficiava todos de forma igual. O Governo actual da Aliança Democrática (AD) beneficia mais os que mais têm. Os jovens que recebem até mil euros por mês (que são dois terços do total) vão apenas beneficiar em 55 euros por mês. Mas um jovem que recebe cinco mil euros (que está no oitavo escalão) vai beneficiar em mil euros por mês. É esta a grande distorção", criticou Miguel Costa Matos.

“A esquerda acha que, primeiro, não se deve baixar impostos e, segundo, a partir dos mil euros as pessoas já são ricas”, ironizou o sucessor de Fernando Medina, em resposta ao secretário-geral da JS.

As dúvidas de Rui Rio ainda não suscitaram nenhum tipo de reacção por parte do Governo, mas receberam uma resposta pronta de João Galamba, ex-ministro das Infra-Estruturas. "A redução de IRS deve aplicar-se a rendimentos, não a categorias de pessoas. Talvez por isso, a ideia de IRS jovem seja um contra-senso porque se presta a perguntas deste género", escreveu também na rede social X.

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