Sabem quando olham para um bebé e, de tão gordo que é, de tantos refegos que tem, de nos encarar com aqueles olhos grandes e curiosos, só apetece morder? (Aqui morder é sinónimo de beijar. Com certeza que não é morder, morder... mas, às vezes, apetece!) Pois é, não pode ser, pelo menos no primeiro mês, dizem os médicos às parturientes, uma recomendação que há pais que levam tão a sério que, não permitem a visita de familiares ou amigos (aquelas pessoas que andaram a aguar por que aquela criança nascesse), e que, a sós nas suas casas, se cingem a beijar o filho nos pés, nas pernas, na nuca, mas nunca na face ou nas mãos, para o proteger.
A jornalista Inês Duarte de Freitas perguntou a vários especialistas se isto faz sentido, uma vez que o contacto é tão importante para estabelecermos relação, que o afecto é essencial para o desenvolvimento das crianças, que se as criarmos em ambientes assépticos também correm riscos. A resposta é... bom senso, como tudo na vida. Bom senso para que não estejamos a criar futuros adultos descompensados. Há que amar as nossas crias desde o dia que nascem e esse amor transmite-se não só no cuidado — por exemplo, com a sua alimentação —, mas através do afecto, o nosso e o dos outros.
Para muitos, os primeiros amigos, aqueles que ficam para a vida, são os irmãos. Na sexta-feira, assinalou-se o dia dos irmãos, e perguntámos aos nossos cronistas que memórias tinham da sua fratria. Mais uma vez, é o amor que domina as suas lembranças.
Escreve a psicóloga Clementina Almeida: "Num mundo cada vez mais frenético e repleto de desafios, a gratidão emerge como uma força poderosa capaz de transformar as nossas vidas de múltiplas formas. Desde melhorar a nossa saúde mental até fortalecer os nossos relacionamentos, a prática da gratidão tem sido associada a uma série de benefícios cientificamente comprovados."
Uma forma de praticarmos a gratidão é não desistirmos da humanidade, mesmo quando vemos uma parte praticar as maiores atrocidades, mesmo quando olhamos com descrença para o futuro, mesmo quando nos sentimos impotentes perante tanto mal. Há sempre algo que podemos fazer no nosso pequeno mundo, como olharmos o outro com olhos de ver, reconhecendo que é igual a nós, que tem as mesmas necessidades que nós, pois o amor é universal.
Três amigos, dois professores e a dona de uma escola de surf, criaram o projecto Waves in You com o objectivo de ajudar à integração de crianças migrantes e refugiadas através da prática de surf. "No mar, como na vida, existem tantas condições que não podemos controlar, e às vezes surgem ‘ondas’ que nos parecem impossíveis de enfrentar. No mar, como na vida, podemos aprender como surfar e aproveitar ao máximo as boas marés, mas também a aceitar e a lidar com os momentos de tempestade", escrevem.
Vivemos sedentos de amor do dia em que nascemos ao que morremos. De amor e de contacto físico, conforme nos demonstra a investigação, que prova que faz bem à saúde, física e mental, o encontro com os nossos amigos e familiares, que nos dá anos de vida. A solidão pode diminuir a nossa vida em 30%, cita Carmen Garcia, apelando a que façamos algo pelos mais velhos. "Porque se morrer de amor pode valer a pena, morrer de solidão é, provavelmente, o final mais triste que podemos encontrar neste mundo."
Neste domingo, sai a revista Ímpar, que é dedicada ao envelhecimento. O editorial dá-lhe pistas sobre o que ler, mas o mais simples é ir até à banca ou ao supermercado e comprar o PÚBLICO (a revista vem com o jornal)! E, votando hoje ou no próximo domingo, vote em consciência, lembrando-se que o mundo é maior do que nós, mas que nós podemos fazer a diferença.
Boa semana!