Líder da oposição pede a Netanyahu para aceitar cessar-fogo. Extrema-direita ameaça abandoná-lo
Yair Lapid diz que apoia trégua na Faixa de Gaza e que apoiará Governo se os ministros ultranacionalistas o abandonarem. É exactamente isso que a extrema-direita ameaça fazer se trégua for aprovada.
O líder da oposição israelita, Yair Lapid, pediu este sábado ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que concretize a nova proposta de trégua com o grupo palestiniano Hamas e expressou o seu apoio caso os radicais de direita abandonem o executivo.
"O Governo de Israel não pode ignorar o significativo discurso que Joe Biden fez ontem [sexta-feira]. Há um acordo sobre a mesa e deve ser fechado", disse Lapid na sua conta na rede social X, em reacção ao anúncio pelo Presidente norte-americano de um novo plano em três fases, por proposta israelita, para uma trégua na Faixa de Gaza e libertação dos reféns em posse do Hamas.
Na mesma mensagem, o líder da oposição e antigo primeiro-ministro garante a Netanyahu que o seu partido, Yesh Atid, dará o seu apoio se os dois principais elementos do sector ultranacionalista do Governo, o ministro da Segurança, Itamar Ben-Gvir, e o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, renunciarem. "Lembro ao primeiro-ministro que encontrará em nós uma rede de segurança se isso acontecer", acrescentou Lapid.
O ministro israelita Benny Gantz pediu este sábado uma reunião "o mais brevemente possível" do Gabinete de Guerra para discutir a nova proposta de trégua com o Hamas.
Gantz, líder do partido Unidade Nacional — que se juntou ao Governo de emergência de Netanyahu após os ataques do Hamas de 7 de Outubro — assegurou estar comprometido com o retorno dos reféns israelitas em Gaza.
Mais tarde, a extrema-direita ameaçou abandonar o governo de Netanyahu se este prosseguir com o acordo sobre um cessar-fogo em Gaza, incluindo a libertação dos reféns. Numa mensagem na rede social X, Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, disse que o seu partido iria "dissolver o governo"; enquanto Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, afirmou que "não participará num governo que aceite o plano proposto" na sexta-feira.
O Presidente dos Estados Unidos indicou na sexta-feira que a primeira fase do acordo duraria seis semanas e incluiria um "cessar-fogo total e completo", a retirada das forças israelitas de todas as áreas povoadas da Faixa de Gaza e a libertação de vários reféns em posse do Hamas, incluindo mulheres, idosos e os feridos, em troca de centenas de prisioneiros palestinianos.
Os reféns norte-americanos seriam libertados nesta fase e os restos mortais dos que foram mortos devolvidos às suas famílias. A assistência humanitária seria aumentada, com 600 camiões autorizados a entrar no enclave palestiniano todos os dias.
A segunda fase incluiria a libertação de todos os reféns vivos restantes, incluindo soldados do sexo masculino, e as forças israelitas abandonariam as suas posições em todo o território da Faixa de Gaza.
"Enquanto o Hamas cumprir os seus compromissos, o cessar-fogo temporário tornar-se-ia, nos termos da proposta israelita, 'na cessação permanente das hostilidades'", observou Biden.
Por fim, a terceira fase exige o início de uma grande reconstrução da Faixa de Gaza, que enfrenta décadas de trabalhos devido à devastação causada pela guerra.
Israel insistiu hoje que as condições para um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza incluem a destruição do Hamas e a libertação de todos os reféns detidos, segundo um comunicado do gabinete do primeiro-ministro israelita.
O Hamas disse, por seu lado, encarar positivamente a proposta e estar disposto a lidar "de forma construtiva" com qualquer plano que inclua como requisitos "um cessar-fogo definitivo, a retirada das forças israelitas da Faixa de Gaza, a reconstrução de Gaza e a troca de prisioneiros".