Real Madrid e Borussia Dortmund discutem a “última” Champions
Espanhóis podem vencer a competição pela 15.ª vez. Alemães regressam a Wembley para tentar corrigir final de 2013. Gripe de Lunin “devolve” titularidade a Courtois na baliza “merengue”.
Real Madrid e Borussia Dortmund decidem, esta noite (20h, TVI), no Estádio de Wembley, em Londres, quem sucederá ao Manchester City como campeão europeu de clubes, na última final da UEFA de clubes nos moldes que conhecemos desde 1991-92, antes de entrar em vigor o modelo com 36 clubes.
Em matéria de apostas, resulta óbvio e inequívoco o favoritismo dos espanhóis, que surgem pela 18.ª vez na final, dispostos a chegar aos 15 triunfos na competição. Números eloquentes, até porque o segundo clube de maior sucesso na Champions é o AC Milan, com sete Taças dos Campeões.
Nada que iniba os alemães de lutarem pelo segundo troféu na terceira final do clube na Liga milionária, 11 anos depois de terem perdido em Wembley com o Bayern Munique.
Há, contudo, um desafio emocional que se coloca ao Borussia de Edin Terzic, que há um ano entregou, na última jornada, de mão beijada, a “saladeira” da Bundesliga ao Bayern Munique num jogo que pode perfeitamente assemelhar-se a uma final como a desta noite, empatando na recepção ao Mainz quando tinha tudo para sagrar-se o campeão alemão.
Desta feita, o Borussia chega à final como mero quinto classificado da Bundesliga (lugar que garante acesso à nova Champions), mas com um registo impressionante em termos internacionais, depois de ter vencido o Grupo F (de PSG, AC Milan e Newcastle) e de ter eliminado PSV, Atlético Madrid e PSG, saindo derrotado apenas uma vez nos últimos 11 jogos da Champions... precisamente em Madrid.
Atento à carreira dos alemães, o Real de Carlo Ancelotti sabe que o espera a segunda defesa menos batida da fase de grupos, a par de Arsenal, aspecto determinante frente ao PSG, nas meias-finais. Até porque a menor exuberância atacante pode sempre ser contornada numa final decidida nos penáltis.
Seja como for, tanto Borussia quanto Real apresentam argumentos para oferecer um espectáculo emocionante, que terá impacto extra na candidatura de jogadores como o britânico Jude Bellingham (a jogar em casa) e Vinícius Júnior na corrida à Bola de Ouro.
De resto, para além da aura de campeão, o Real Madrid apresenta-se em Londres, pela primeira vez, como finalista invencível, somando oito vitórias e quatro empates numa campanha iniciada na Alemanha, em Berlim, com sete triunfos consecutivos, antes de uma série de empates onde se desenvencilhou de RB Leipzig, Manchester City e Bayern Munique.
Uma campanha com forte sotaque alemão que Ancelotti (um italiano que se identifica com a mentalidade germânica) parece dominar para poder reclamar a quinta Champions, mesmo sem Tchouaméni, com Lunin acometido de gripe e Courtois na baliza.
Kroos fecha ciclo
Com cinco Ligas dos Campeões no bolso (tantas quantas as conquistadas pelo Barcelona), o médio alemão Toni Kroos prepara-se para fechar o ciclo de forma perfeita: Wembley e Borussia Dortmund estiveram na primeira Champions de Kroos, ganha ao serviço do Bayern Munique.
Uma feliz coincidência? A diferença, é que, desta vez, Kroos não falhará a final. Em 2013, Jupp Heynckes perdeu o jovem Toni Kroos aos 13 minutos do jogo da primeira mão dos quartos-de-final da Liga milionária, frente à Juventus.
Uma lesão grave que o afastou da final e de toda a competição durante sete meses e meio. Agora, uma década depois, com uma carreira notável e uma interminável colecção de troféus, Kroos pode despedir-se em definitivo do Real Madrid — estará no Europeu, depois de ter acedido ao pedido de Julian Nagelsmann para voltar a representar a selecção — com a conquista mais apetecível e elevar a fasquia a um nível que só os também “merengues” Dani Carvajal, Nacho Fernández e Luca Modric podem aspirar atingir.
Para trás podem ficar Cristiano Ronaldo, Karim Benzema, Gareth Bale, Marcelo, Casemiro e Isco, todos com cinco “orelhudas”. Curiosamente, há mais dois alemães que “reencontram” Kroos em Wembley: Marco Reus, que também encerrará a carreira, e Mats Hummels, um dos grandes ausentes no Euro2024.