Israel sai de Jabalia e opera em Rafah, mesmo depois de condenação internacional

As tropas israelitas terminaram os combates no Norte de Gaza. No entanto, pretendem preparar operações em Rafah, mesmo depois dos avisos da comunidade internacional.

Foto
Israel sai de Jabalia mas opera em Rafah, mesmo depois de condenação internacional RONEN ZVULUN / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:52

Depois de destruírem mais de 10 quilómetros de túneis ao longo dos últimos dias e matarem o comandante do batalhão distrital do Hamas, as forças israelitas afirmam ter terminado as operações de combate na área de Jabalia, no Norte de Gaza, avança a Reuters. Durante as operações as forças de Israel recuperaram os corpos de sete reféns levados para a Faixa de Gaza em Outubro.

Os intensos combates na zona duraram mais de duas semanas, mas o Exército israelita pretende agora retirar-se e preparar outras operações na Faixa de Gaza, nomeadamente, no centro de Rafah, onde, alegadamente, encontraram lança-rockets e outras armas, bem como túneis construídos pelo Hamas.

Este comunicado vem confirmar a presença de tanques na cidade no Sul de Gaza, que já tinha sido relatada por testemunhas à CNN no início da semana.

As descobertas de material bélico em Rafah estão, assim, a ser usadas como justificação para executar uma série de operações na cidade, mesmo depois da condenação por parte da comunidade internacional.

Como resposta ao ataque de domingo, a França anunciou que Israel está banido de participar na Eurosatory, a maior exposição de armas de defesa e segurança, realizada, a cada dois anos, em Paris. “Já não se reúnem as condições de receber empresas israelitas na conferência”, disse um oficial do ministério que tutela as Forças Armadas francesas ao jornal Politico.

Rafah tinha sido um refúgio para mais de um milhão de palestinianos expulsos das suas casas devido aos combates noutras zonas do pequeno enclave costeiro, mas a maioria já partiu depois de ter sido avisada para sair antes que ocorresse a operação israelita. Centenas de milhares de pessoas estão agora a viver em tendas e outros abrigos temporários numa zona de evacuação especial nas proximidades de Al-Mawasi.

Durante semanas, Israel ameaçou atacar os batalhões do Hamas que ainda se encontravam em Rafah, o que suscitou a condenação internacional e avisos, mesmo por parte de aliados como os Estados Unidos, para que não atacasse a cidade enquanto esta estivesse cheia de pessoas deslocadas.

A ameaça tornou-se realidade no passado domingo, quando um ataque aéreo israelita, alegadamente contra dois comandantes do Hamas, provocou um incêndio que vitimou pelo menos 45 pessoas abrigadas em tendas junto ao complexo atingido pelos jactos.

Durante a operação em Jabalia, as tropas de Israel recuperaram os corpos de sete dos 250 reféns que os militantes do Hamas raptaram quando atravessaram a fronteira com Israel, a 7 de Outubro do ano passado, e mataram cerca de 1200 pessoas, segundo dados israelitas.

Desde então, mais de 36.000 palestinianos foram mortos na guerra aérea e terrestre de Israel em Gaza, segundo o Ministério da Saúde dirigido pelo Hamas. Grande parte do enclave densamente povoado está em ruínas.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, instou Israel, na passada quarta-feira, a apresentar um plano pós-guerra para Gaza, alertando para o facto de que, sem um plano, os ganhos militares poderão não ser duradouros, gerando desordem, caos e o regresso do Hamas.