Projecto de investigação-acção promove igualdade de género na investigação

Em três anos, o Gender Equal Research na Universidade de Coimbra organizou algumas iniciativas e 13 eventos. Objectivo: alertar para a importância da igualdade de género na área da investigação.

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Um manual de comunicação inclusiva na investigação, um guia para a organização de eventos científicos inclusivos ou a criação de instrumentos que promovam uma cultura académica mais inclusiva e diversificada. Foram estas algumas das iniciativas lançadas e divulgadas no decurso dos últimos três anos no âmbito do projecto “GendER@UC - EEA Grants.

O projecto, coordenado pelo Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra, teve como intuito dar visibilidade às mulheres investigadoras, ajudando-as a definirem e criarem projectos de investigação mais inclusivos, a fomentarem e melhorarem a comunicação desses documentos — diminuindo barreiras e restrições e incentivando a participação equilibrada de investigadoras e investigadores nas equipas da Universidade de Coimbra.

Como destaca Cláudia Cavadas, investigadora principal desta iniciativa, este projecto pretende lançar as sementes para que as mulheres possam cumprir o seu pleno potencial.

“Temos alguns dados que mostram que as mulheres têm tendência a concorrer a financiamentos menos competitivos. Os dados mostram que o número de mulheres que concorrem a financiamentos é mais baixo, mesmo nas áreas em que há mais mulheres a trabalhar”, salienta Cláudia Cavadas.​​

Nesse sentido, o GendER@UC - EEA Grants apostou numa abordagem tripartida com objectivos diferentes: capacitação de investigadoras (que se materializou em acções de mentoria e apoio à carreira); mudança de procedimentos das Unidades de I&D (da qual resultaram acções de remoção de barreiras à participação e promoção da Igualdade de Género) e, por fim, a mudança na produção e comunicação de conhecimento (que se materializou em acções de análise de género com vista à eliminação dos estereótipos e enviesamento de género existentes nos conteúdos e métodos de investigação).

Entre as diversas medidas que foram implementadas após investigações, realce para o mapeamento de políticas de igualdade de género nos centros de investigação, workshops de género e liderança, tendo sido ainda lançados instrumentos para a realização de eventos que possam integrar, em igual número, investigadores e investigadoras do sexo feminino e masculino.

“Quando dizemos igualdade de género, claro que pensamos que é necessário termos mais mulheres em determinadas áreas. Mas também é preciso mais homens noutras áreas. Equipas diversas levam a uma investigação de maior qualidade”, acrescenta Cláudia Cavadas.

Uma equipa multidisciplinar

A equipa multidisciplinar contou, entre outros, com nomes como os de Cláudia Cavadas (Coordenadora do projecto), Mónica Lopes (Coordenadora Científica), Pâmela Aguiar (Gestora do Projecto), e ainda a professora de Estudos do Género Thorgerdur Einarsdóttir, como integrante da equipa da instituição internacional parceira do projecto, a Universidade da Islândia. A equipa composta por onze elementos era ainda integrada por: Ana Carvalho, Clara Barata, Jorge Almeida, Jorge Noro, José Augusto Ferreira, Luís Almeida, Luís Dias e Natacha Leite.

Um trabalho interdisciplinar que deu origem a uma conferência final, que decorreu no passado dia 21 de Março na Universidade de Coimbra, e durante o qual foram divulgados alguns dos resultados, bem como a divulgação de uma série de guias e manuais que visam facilitar a promoção da igualdade de género na investigação científica e que estão disponíveis na secção de Recursos do site do projecto - www.uc.pt/iii/gender/.

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O projecto, que recebeu um financiamento no valor de 240 mil euros ao abrigo do programa Conciliação e Igualdade de Género no âmbito do EEA Grants – Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu, foi realizado em parceria com a Universidade da Islândia e o Centro de Estudos Sociais (CES). Além disso, contou com a colaboração da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), da AMONET-Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas e da cientista Jessica Cantlon, da Universidade norte-americana Carnegie Mellon.

Através do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu (EEE), a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega são parceiros no mercado interno com os Estados-Membros da União Europeia. Como forma de promover um contínuo e equilibrado reforço das relações económicas e comerciais, as partes do Acordo do EEE estabeleceram um Mecanismo Financeiro plurianual, conhecido como EEA Grants. Os EEA Grants têm como objectivos reduzir as disparidades sociais e económicas na Europa e reforçar as relações bilaterais entre estes três países e os países beneficiários. Para o período 2014-2021, foi acordada uma contribuição total de 2,8 mil milhões de euros para 15 países beneficiários. Portugal beneficiará de uma verba de 102,7 milhões de euros. Saiba mais em eeagrants.gov.pt