Saldo com o exterior ajudou economia a manter ritmo no arranque do ano

INE reviu ligeiramente em alta estimativa de crescimento económico em Portugal no primeiro trimestre deste ano, com a variação em cadeia do PIB nos 0,8% e a homóloga em 1,5%.

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Exportações de bens mantiveram ritmo de crescimento no arranque do ano Nelson Garrido
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O crescimento da economia portuguesa durante o primeiro trimestre deste ano foi esta sexta-feira revisto ligeiramente em alta, para 0,8%, um resultado para o qual contribuiu, num cenário de recuo do investimento, uma melhoria significativa do saldo entre as exportações e as importações realizadas pelo país.

Os dados agora publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam um cenário um pouco melhor do que o anunciado na estimativa rápida do valor do PIB publicada há um mês e fornecem mais detalhes sobre o que está por trás do crescimento da economia portuguesa no início deste ano.

Se no final de Abril o INE estimava que o PIB tinha crescido 0,7% durante o primeiro trimestre, colocando a taxa de variação homóloga (a comparação com o mesmo trimestre do ano passado) em 1,4%, agora, com base nas informações mais completas entretanto disponíveis, passou a realizar uma estimativa ligeiramente mais positiva. A taxa de crescimento em cadeia (face ao trimestre imediatamente anterior) passou a ser de 0,8% e a taxa de variação homóloga de 1,5%, nos dois casos mais 0,1 pontos percentuais do que na estimativa anterior.

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Os números agora conhecidos permitem também perceber o que está por trás da manutenção, no início deste ano, do ritmo de crescimento da economia portuguesa a um nível semelhante ao que tinha sido conseguido nos últimos três meses do ano passado, quando a taxa de variação do PIB em cadeia tinha sido de 0,7%.

Enquanto no final de 2023 o motor da economia esteve na procura interna, agora este passou para a procura externa, nomeadamente porque as exportações, apesar de terem abrandado, fizeram-no mesmo assim de forma muito mais moderada do que as importações.

O contributo da procura interna (consumo privado e público mais investimento) para o crescimento em cadeia da economia passou de 0,9 pontos percentuais no quarto trimestre de 2023 para -0,1 pontos no primeiro trimestre deste ano, com a contracção do investimento (que diminuiu 3% face ao trimestre anterior) a ser a principal explicação. O ritmo de crescimento do consumo privado até aumentou de forma ligeira de 0,7% para 1%.

A compensar este desempenho mais fraco da procura interna, o contributo da procura externa (exportações menos importações) melhorou significativamente face ao que tinha acontecido no final do ano passado. No quarto trimestre de 2023, tinha sido negativo em 0,2 pontos percentuais e no arranque de 2024 passou a ser positivo, em um ponto percentual.

O que aconteceu foi que, apesar de as exportações terem abrandado de um crescimento de 3,5% para 1,6%, as importações registaram uma travagem muito mais brusca, de um crescimento em cadeia de 3,5% no último trimestre do ano passado para uma contracção de 0,6% nos primeiros três meses deste ano.

As exportações que apresentaram um desempenho mais estável foram as de bens, que voltaram a exibir uma taxa de variação de 2,6%, a mesma do final do ano passado.

Com este resultado, a economia portuguesa inicia o ano com uma taxa de variação homóloga de 1,5% que, tendo em conta os efeitos-base (quase estagnação da economia nos segundo e terceiro trimestres do ano passado), pode vir a aumentar nos trimestres seguintes, caso o ritmo de crescimento se mantenha estável. A confirmar-se esse cenário, o crescimento da economia portuguesa no total deste ano poderia ficar próximo dos 2% e portanto acima da projecção de 1,5%, feita pelo Governo no Programa de Estabilidade apresentado em Abril, num cenário de políticas invariantes.

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